Quando estamos nos preparando para futuros concursos, as doenças de notificação obrigatória como a anemia infecciosa equina – AIE – chamam atenção. Não é por menos, já que é uma das doenças alvo de prevenção, controle e erradicação pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Por esse motivo, elaboramos um texto contendo os principais tópicos já cobrados em concursos sobre anemia infecciosa equina, desde características da doença até as normas de prevenção e controle pelo MAPA.

Ao final, verifique a qualidade de sua leitura resolvendo algumas questões. 

Anemia Infecciosa Equina – AIE

A anemia infecciosa equina (AIE) é causada por um retrovírus transmitido principalmente pela picada de insetos hematófagos.

É uma doença com sinais clínicos variados incluindo:

  • episódios febris;
  • anorexia;
  • perda de peso;
  • debilidade progressiva;
  • e anemia severa.

Possui caráter crônico, com alta morbidade e baixa letalidade. A notificação é obrigatória de qualquer caso suspeito de acordo com a IN n°50 de 24 de setembro de 2013.

Agente Etiológico 

O retrovírus da AIE pertence à família Retroviridae, subfamília Lentivirinae. É um vírus de distribuição mundial, especialmente nas regiões de clima quente tropical e subtropical. 

Patogenia e Epidemiologia da Anemia Infecciosa Equina

A manifestação clínica da AIE é de forma variável: forma aguda, forma crônica ou assintomática.

  • Forma aguda:
    • sinais clínicos surgem repentinamente: 7 a 21 dias após a infecção;
    • febre, anorexia, trombocitopenia e anemia grave;
    • pode apresentar sudorese profusa e secreção serosa no focinho;
    • animal pode apresentar fase de convalescença com duração de 2 a 4 semanas e novamente repetir os sintomas da fase aguda, de forma cíclica.
  • Forma crônica:
    • é a manifestação clássica da AIE;
    • sintomas mais discretos;
    • o ciclo sintomático de febre, perda de peso, anorexia e sinais clínicos ocorrem em intervalos irregulares;
    • os episódios cíclicos ocorrem geralmente no primeiro ano e após 6 a 8 episódios tendem a diminuir. Após esse período, a maioria dos equinos permanece assintomática (porém serão portadores do vírus pelo resto da vida). 
  • Assintomáticos:
    • sinais clínicos inaparentes, subclínicos ou discretos;
    • possuem anticorpos contra o vírus e são portadores vitalícios;

Transmissão da AIE

Os equinos, asininos e mulas são reservatórios e hospedeiros naturais do vírus. A inoculação mecânica de sangue é considerada a principal via de transmissão do vírus sendo os insetos hematófagos (moscas de estábulo e mutucas) importantes na transmissão da doença, funcionando como vetores mecânicos do vírus. 

Na transmissão iatrogênica o homem assume importante papel na epidemiologia devido ao uso de agulhas, instrumentos cirúrgicos e utensílios contaminados podendo disseminar a doença dentro de um mesmo rebanho ou para outras propriedades devido às práticas inadequadas de higiene. 

Outras formas menos frequentes de transmissão do vírus incluem: transplacentária, pelo colostro e sêmen.

Patogenia da AIE

A anemia é resultante da hemólise, da eritrofagocitose pelos macrófagos ativados, pelo menor grau de eritropoese e de anormalidades no metabolismo do ferro.

As lesões verificadas incluem hemorragia e necrose disseminada em tecidos linfáticos, edema e emaciação. Petéquias ocorrem frequentemente na superfície ventral da língua e na conjuntiva.

Animais que morrem durante crises hemolíticas apresentam icterícia, anemia e hemorragias disseminadas. Em casos mais crônicos, animais emaciados apresentam atrofia serosa da gordura. O baço e o figado estão aumentados de volume, escuros e túrgidos e, além desses, outros órgãos apresentam hemorragias superficiais.

Resistência do agente etiológico da AIE

O vírus da anemia infecciosa equina é rapidamente inativado por desinfetantes comuns, por hidróxido de sódio, hipoclorito de sódio, pela maioria dos solventes orgânicos e por clorexidina.

No soro de equino aquecido a 58°C, durante 30 minutos, o vírus não apresenta qualquer capacidade infectante em equinos. Contudo, em 25°C, o vírus permanece infectante em agulhas hipodérmicas durante 96 horas.

Programa Nacional De Sanidade Dos Equídeos – PNSE

O PNSE foi instituído pelo MAPA em 2008 com o objetivo de fortalecer o complexo agropecuário dos equídeos, por meio de ações de vigilância e defesa sanitária animal. 

Para prevenir, diagnosticar, controlar e erradicar doenças que possam causar danos ao complexo agropecuário dos equídeos, o PNSE promove as seguintes atividades:

  1. educação sanitária;
  2. estudos epidemiológicos; 
  3. controle do trânsito; 
  4. cadastramento, fiscalização e certificação sanitária; 
  5. intervenção imediata quando da suspeita ou ocorrência de doença de notificação obrigatória.

As principais normas relacionadas à anemia infecciosa equina no Brasil estão listadas na tabela abaixo:

NormaResumo
Instrução Normativa SDA nº 17, de maio de 2008Institui o Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos – PNSE
Instrução Normativa SDA nº 45, de 15 de junho de 2004  Aprova as Normas para a Prevenção e o Controle da Anemia Infecciosa Equina – AIE.
Portaria SDA nº 84, de 19 de outubro de 1992Aprova as “Normas de Credenciamento e Monitoramento de Laboratórios de Anemia Infecciosa Equina”.

Pela sua importância em concursos, vamos focar na IN 45/2004 que aprova as normas de prevenção e controle da AIE, fazendo um breve resumo daquilo que já foi alvo de questões. 

IN 45/2004: Normas para Prevenção e Controle da AIE

As medidas de prevenção e controle da AIE serão adotadas nas UF de acordo com as suas condições epidemiológicas peculiares.

A normativa estabelece a constituição de uma Comissão Estadual de Prevenção e Controle da Anemia Infecciosa Eqüina (CECAIE) com as seguintes atribuições na respectiva UF: 

I – propor as medidas sanitárias para a prevenção e o controle da A.I.E e
II – avaliar os trabalhos desenvolvidos.

A CECAIE deve ser constituída por dez membros (todos médicos veterinários), sendo cinco titulares e cinco suplentes, representando: o Serviço de Sanidade Animal (SSA) da Defesa Federal de Agricultura (DFA), que será o coordenador; o órgão de defesa sanitária animal da respectiva UF; os criadores de eqüídeos; a Sociedade Estadual de Medicina Veterinária; a entidade de ensino ou pesquisa em Medicina Veterinária.

A prova sorológica para diagnóstico de AIE utilizada será a Imunodifusão em Gel de Agar (IDGA), efetuada com antígeno registrado e aprovado, ou outra prova oficialmente reconhecida.

Em resultado positivo, deve-se encaminhar, imediatamente, ao Serviço de Sanidade Animal da DFA da UF onde se encontra o animal reagente e, eventualmente, para outro destino por ele determinado. 

A contraprova deve ser solicitada no prazo máximo de 8 dias, contados a partir do recebimento da notificação do resultado, sendo a contraprova realizada no mesmo laboratório do primeiro exame.

A validade do resultado negativo será de 180 dias para propriedade controlada e de 60 dias para os demais casos, a contar da data da colheita da amostra. 

O reteste será realizado em laboratório oficial, com amostra colhida pelo serviço oficial, para fins de perícia. Em caso de resultado positivo e havendo decisão do proprietário em requerer contraprova ou reteste, o animal deverá permanecer isolado após o recebimento do resultado positivo no primeiro exame até a classificação final, quando serão adotadas as medidas preconizadas. 

Medidas no foco

Detectado foco de AIE, deverão ser adotadas as seguintes medidas:

I – interdição da propriedade após identificação do equídeo portador, lavrando termo de interdição, notificando o proprietário da proibição de trânsito e da movimentação de objetos passíveis de veiculação do vírus da AIE; 
II – deverá ser realizada investigação epidemiológica de todos os animais que reagiram ao teste de diagnóstico de AIE, incluindo histórico do trânsito;
III – marcação permanente dos equídeos portadores por meio da aplicação de ferro candente na paleta do lado esquerdo com um “A”, contido em um círculo de 8 centímetros de diâmetro, seguido da sigla da UF;
IV – sacrifício preferencialmente na propriedade em que se encontra o animal (no prazo máximo de 30 dias a partir do resultado do exame diagnóstico) ou isolamento dos equídeos portadores (o isolamento somente será permitido para animais portadores localizados em área de alto risco, proposto pela CECAIE da respectiva UF);
V – realização de exame laboratorial, para o diagnóstico da AIE., de todos os equídeos existentes na propriedade; 
VI – desinterdição da propriedade foco após realização de 2 exames com resultados negativos consecutivos para AIE, com intervalo de 30 a 60 dias, nos equídeos existentes; 
VII – orientação aos proprietários das propriedades que se encontrarem na área perifocal, pelo serviço veterinário oficial, para que submetam seus animais a exames laboratoriais para diagnóstico de AIE.

Propriedade Controlada

A propriedade será considerada controlada para AIE quando não apresentar animal reagente positivo em 2 exames consecutivos de diagnóstico realizados com intervalo de 30 a 60 dias.  

Para manutenção da situação de propriedade controlada, todo o seu efetivo equídeo deverá ser submetido ao exame, no mínimo, uma vez a cada 6 meses e apresentar resultado negativo. 

Trânsito dos animais

Somente será permitido o trânsito interestadual de equídeos quando acompanhados de documento oficial de trânsito e do resultado negativo no exame laboratorial para diagnóstico de AIE (os destinados ao abate ficam dispensados da prova de diagnóstico para AIE).

A participação de equídeos em eventos agropecuários somente será permitida com exame negativo para AIE. Fica dispensado do exame o equídeo com idade inferior a 6 meses, desde que esteja acompanhado da mãe e esta apresente resultado laboratorial negativo. 

Destinação de Carcaças e Órgãos na Linha de Abate

De acordo com O Art.188 do Decreto n° 9.013, de 29 de março de 2017 (RIISPOA), quando observadas lesões indicativas de anemia infecciosa equina nas carcaças e nos órgãos de equinos, esses devem ser condenados. 

Ainda nesse artigo, em seu parágrafo único: as carcaças de animais com sorologia positiva podem ser liberadas para consumo, desde que não sejam encontradas lesões sistêmicas no exame post mortem.

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Questões de prova

Agora vamos avaliar o entendimento do texto respondendo algumas questões de provas:

1- FCC – 2018 – SEGEP-MA – Fiscal Estadual Agropecuário – Médico Veterinário

Sobre as normas para a prevenção e o controle da Anemia Infecciosa Equina, é INCORRETO afirmar:

a) As ações de campo referentes à prevenção e ao controle da Anemia Infecciosa Equina são de responsabilidade do serviço veterinário oficial de cada unidade federativa.
b) As medidas de prevenção e controle da Anemia Infecciosa Equina serão adotadas pelo governo federal de acordo com as condições epidemiológicas gerais do país.
c) Em cada unidade federativa deverá ser constituída, por ato do Delegado Federal de Agricultura, uma Comissão Estadual de Prevenção e Controle da Anemia Infecciosa Equina.
d) A Comissão Estadual de Prevenção e Controle da Anemia Infecciosa Equina será constituída de 10 membros, sendo 5 titulares e 5 suplentes, entre estes um médico veterinário do Serviço de Sanidade Animal da Delegacia Federal da Agricultura, que será o coordenador.
e) A Comissão Estadual de Prevenção e Controle da Anemia Infecciosa Equina também terá como membro um médico veterinário indicado pela Sociedade Estadual de Medicina Veterinária.

2- FJPF – 2007 – MAPA – Médico veterinário

A Instrução Normativa N° 45, de 15 de junho de 2004, do MAPA, estabelece as medidas abaixo, ao ser detectado um foco de Anemia Infecciosa Equina (AIE) numa propriedade, com EXCEÇÃO de:

a) interdição da propriedade após identificação do equídeo portador, lavrando termo de interdição, notificando o proprietário da proibição de trânsito dos equídeos da propriedade e da movimentação de objetos passíveis de veiculação do vírus da AIE;
b) realização de investigação epidemiológica de todos os animais que reagiram ao teste de diagnóstico de AIE, incluindo histórico do trânsito;
c) orientação aos proprietários das propriedades que se encontrarem na área perifocal, pelo serviço veterinário oficial, para que submetam seus animais a exames laboratoriais para diagnóstico de AIE;
d) desinterdição da propriedade foco após realização de 2 (dois) exames com resultados negativos para AIE, com intervalo de 30 (trinta) a 45 (quarenta e cinco) dias, nos equídeos existentes;
e) sacrifício ou isolamento dos equídeos portadores.

3- UPENET/IAUPE – 2019 – ADAGRO –  Fiscal Estadual Agropecuário/Veterinário

Sobre as medidas a serem adotadas pelo Serviço Veterinário Estadual em uma propriedade com foco de Anemia Infecciosa Equina (AIE), analise os itens abaixo:

1. Interdição de propriedade
2. Identificação do animal portador
3. Confecção do Termo de Interdição
4. Notificação do proprietário da permissão de trânsito de equídeos da propriedade
5. Sacrifício do animal portador
6. Realização de exame laboratorial para o diagnóstico da AIE de todos os equídeos existentes no município.

Estão CORRETOS
a) 1, 3, 4 e 5, apenas.
b) 2,4, 5 e 6, apenas.
c) 1, 2, 3 e 5, apenas.
d) 2, 3,4 e 6, apenas.
e) todos. 

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Até a próxima!

GABARITO DAS QUESTÕES: B / D / C

Autoria da redatora do Ifope:
Tereza Abujamra