A Doença de Newcastle é um assunto muito recorrente em questões de concursos para veterinários. Por isso, é muito importante estudar todas as suas particularidades, afinal, o menor dos detalhes pode fazer com que você perca uma questão da prova. Por ser altamente contagiosa e prejudicar bastante as atividades do setor agropecuário, ela também é um tópico muito importante de conhecer para exercer bem a sua profissão. Mostrando assim, mais uma face de sua grande relevância. 

O que precisamos saber sobre essa enfermidade para acertar na prova? Detalhes sobre o agente infeccioso, modo de transmissão, os principais sintomas, quais animais são reservatórios, como é realizado o diagnóstico e uma pincelada no controle e prevenção da doença. Afinal, iremos estudar as normativas do MAPA em outros textos. Vamos começar? Concentração e Boa leitura!

O que é a Doença de Newcastle?

Também conhecida como pseudo-raiva aviária, desordem respiratório-nervosa e pneumoencefalite aviária, a Doença de Newcastle (DNC) é uma enfermidade de caráter agudo, altamente infecciosa e patogênica e de quadro clínico moderado a severo. Ela acomete tanto aves silvestres quanto comerciais, por isso, é um ponto de atenção independente da atividade desenvolvida com a ave. 

É uma das mais importantes doenças virais das aves, com perdas diretas na produção e impacto econômico na indústria avícola mundial devido a imposição de barreiras na comercialização. Faz parte da lista das enfermidades emergenciais do código zoosanitário internacional da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), sendo notificação obrigatória, por esse motivo, sofre controle oficial pelo Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) instituído no âmbito da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/MAPA). 

O Programa Nacional de Sanidade Avícola é uma medida do Governo Federal que tem como finalidade prevenir e controlar as enfermidades de interesse em avicultura e saúde pública, definir ações que possibilitem a certificação sanitária do plantel avícola nacional e favorecer a elaboração de produtos avícolas saudáveis para o mercado interno e externo. As principais doenças-alvo do PNSA, devido à sua importância para a saúde pública, para a saúde animal e para a economia, são a Influenza Aviária, a Doença de Newcastle, as Salmoneloses e as Micoplasmoses.

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Além das aves, o vírus pode infectar outras espécies como répteis e mamíferos. Nos humanos, é uma zoonose que pode causar conjuntivite. 

Etiologia da Doença de Newcastle

A Doença de Newcastle é causada por um vírus RNA de fita simples, envelopado, não segmentado, de polaridade negativa, do sorotipo Parainfluenzavirus aviário tipo 1 (APMV-1). Pertence à Ordem Mononegavirales da família Paramyxoviridae que é subdividida em duas subfamílias: Pneumovirinae, composta de um único gênero, o Pneumovirus, incluindo os pneumovirus aviários; e a subfamília Paramyxovirinae, na qual estão incluídos três gêneros, dentre eles o Avulavirus (pertencente ao APMV-1). Sim, algumas questões de provas já cobraram o conhecimento sobre a família e o gênero do vírus, portanto, atenção aos detalhes!

O APMV-1 infecta aproximadamente 236 espécies de pássaros selvagens e ornamentais, além de espécies de aves domésticas (inclusive os pombos).

Segundo Pessanha Jr (2007), o vírus é inativado pelo pH ácido, assim como pela formalina e pelo fenol, sendo sensível também ao éter. Quando submetido à temperatura de 56ºC por 3 horas ou 60ºC por 30 minutos o vírus torna-se inativo, contudo é capaz de sobreviver por longos períodos em temperatura ambiente, especialmente quando nas fezes. Ou seja, continua sendo transmitido mesmo após a morte e consumo da ave contaminada, sendo espalhada por restante de fezes. Segundo a OIE, o período de incubação do vírus é de 21 dias.

Fonte de Infecção e Transmissão 

A transmissão do vírus da Doença de Newcastle é via horizontal, de modo direto pelo contato com secreções/aerossóis de aves infectadas, ou indireto através da alimentação, água, pessoas, veículos, animais e instrumentos/equipamentos contaminados. 

As aves silvestres são uma fonte importante do vírus da Doença de Newcastle, já demonstrado que elas podem auxiliar na disseminação de amostras que já estejam presentes em criações domésticas de determinada região. Afinal, a maior possibilidade de locomoção e liberdade das aves silvestres fazem com que eles sejam agentes mais ativos na disseminação da doença. 

A alta densidade em criatórios comerciais e a localização de plantéis em áreas de concentração de aves silvestres têm sido apontadas como responsáveis pelo aumento significativo da transmissão da Doença de Newcastle (Fernandes, 2006).

Sinais da Doença de Newcastle: clínicos e lesões

Os sinais apresentados pelas aves com a Doença de Newcastle é inespecífica e pode aparecer também em outras enfermidades infecciosas como, por exemplo, na bronquite infecciosa, na laringotraqueíte, na coriza ou na doença crônica respiratória. A manifestação clínica e a mortalidade variam segundo a patogenicidade da amostra do vírus que pode variar de muito alta (amostra velogênica), para intermediária (amostra mesogênica) a muito baixa (amostra lentogênica).

As lesões predominantes em galiformes domésticos são do tipo diftéricas, necróticas e hemorrágicas presentes no trato digestivo.

Os vírus provocam exsudação serosa a catarral e/ou hemorrágica na traqueia, com congestão e edema dos pulmões, além da aerossaculite.

Edemas subcutâneos podem estar presentes na cabeça, pálpebras, cristas e barbelas e no pescoço, porém não tão evidentes como pode ser observado em infecções com o vírus da influenza. A conjuntiva pode estar aumentada, hemorrágica e com edema a ponto de se projetar sobre as pálpebras.

Os sinais nervosos podem envolver: asas caídas, incoordenação motora, opistótono, inapetência e paralisia completa. A morbidade e mortalidade dependem da virulência da cepa do vírus, do grau de imunidade da vacinação e das condições ambientais.

Diagnóstico da Doença de Newcastle

Apesar dos sinais clínicos não serem considerados patognomônicos, é necessário a realização de exames laboratoriais para diagnóstico definitivo. A técnica de eleição para diagnóstico sorológico, utilizada para triagem, é a Inibição da Hemaglutinação, que permite identificar a presença de anticorpos para o vírus da DNC no sangue de aves suspeitas. 

Para confirmar o diagnóstico sorológico e permitir o diagnóstico definitivo do vírus, são utilizadas as técnicas de isolamento viral (a partir de cultivo em ovos embrionados e posterior realização de Hemaglutinação Direta) e o PCR.

O vírus pode ser isolado a partir de fezes, material cloacal, secreções respiratórias, macerados do baço, cérebro ou pulmões, sendo para isso cultivado na membrana alantóide de ovos embrionados de 10 dias. Após o isolamento viral através do cultivo em ovos embrionados, a técnica utilizada para detecção das partículas virais é a Hemaglutinação Direita. A técnica de Inibição da Hemaglutinação é uma técnica diferente, utilizada para triagem, e que é feita apenas como soro extraído do sangue de aves suspeitas (técnica sorológica, para detecção de anticorpos, e não de partículas virais).

A confirmação do diagnóstico suspeito para DNC deve ser feita em laboratório oficial do MAPA (atualmente, o único laboratório do país que pode fazer este diagnóstico é o LFDA-SP, unidade de Campinas).

Como prevenir e controlar a Doença de Newcastle 

O Programa Nacional de Sanidade Avícola prevê um conjunto de medidas e procedimentos operacionais que visam prevenir, controlar e limitar a exposição das aves de determinada produção a agentes causadores de doenças. Na implementação das Boas Práticas de Produção baseadas na biossegurança, os produtores minimizam o risco de introdução e disseminação de doenças em suas granjas.

Na listagem abaixo trazemos os principais atos normativos do PNSA para a prevenção, controle e vigilância da doença de Newcastle, assunto corriqueiro em provas: 

Instrução Normativa SDA n° 17, de 7 de abril de 2006. Aprova o Plano Nacional de Prevenção da Influenza Aviária e de Controle e Prevenção da Doença de Newcastle em todo o território nacional. 
Instrução Normativa SDA n° 32, de 13 de maio de 2002. Aprova as normas técnicas de vigilância para a Doença de Newcastle e Influenza Aviária, e de controle e erradicação para Doença de Newcastle.
Instrução Normativa SDA n° 21, de 21 de outubro de 2014. Estabelece as normas técnicas de Certificação Sanitária da Compartimentação da Cadeia Produtiva Avícola das granjas de reprodução, de corte e incubatórios, de galinhas ou perus, para a infecção por Influenza Aviária e Doença de Newcastle. Alterada pela Instrução Normativa SDA n° 18, de 9 de junho de 2017.
Ofício Circular DSA n° 7, de 24 de janeiro de 2007. Estabelece os procedimentos permanentes de vigilância para influenza aviária e doença de Newcastle.
Instrução Normativa MAPA n° 56, de 4 de dezembro de 2007. Estabelece os procedimentos para registro, fiscalização e controle dos estabelecimentos avícolas de reprodução, comerciais e de ensino ou pesquisa.
Ofício – Circular Conjunto Nº 3/2021/DSA/DIPOA/SDA/MAPA – Estabelece os procedimentos de vigilância de Síndrome Respiratória e Nervosa das aves (SRN) em abatedouros frigoríficos   
Instrução Normativa SDA n° 10, de 11 de abril de 2013. Define o programa de gestão de risco diferenciado para estabelecimentos avícolas.
Manual de preenchimento para emissão de Guia de Trânsito Animal de aves e ovos férteis com finalidade de produção de carne, ovos e material genético – versão 10.

Doença de Newcastle: como cai em concursos 

Que tal começar a colocar todo o conhecimento deste texto em prática e treinar em algumas questões que já caíram em concursos públicos? Confira como a Doença de Newcastle cai em concursos a seguir! 

FGV – 2015 – Prefeitura de Cuiabá – MT – Especialista em Saúde – Médico Veterinário

A doença de Newcastle (DN) é uma enfermidade viral, aguda, altamente contagiosa que acomete aves silvestres e comerciais, com sinais respiratórios, digestórios e frequentemente nervosos. No Brasil esta doença já foi notificada e é monitorada, com o objetivo de controle e erradicação em todo território nacional.

Sobre a doença de Newcastle e as medidas implantadas para controle e erradicação, assinale a afirmativa correta.

  1. É uma doença infecciosa das aves causada por um vírus da família Orthomyxoviridae, gênero Rubulavirus aviário do sorotipo I (APMV1).
  2. A zona de proteção, considerada como zona infectada, deverá ter o raio de 7 km ao redor do foco e a zona de vigilância, a partir da zona de proteção ao redor do foco, deve ter área de 10 km de raio.
  3. Após o recebimento da notificação de suspeita, a unidade veterinária local (UVL) terá a partir da comunicação da suspeita, o prazo máximo de 24 horas.
  4. Após a confirmação e estabelecimento do foco, todas as aves devem ser sacrificadas e suas carcaças e resíduos eliminados. A área não poderá ser repovoada com novos animais, antes de, no mínimo, 21 dias e somente após a autorização do serviço oficial. (Resposta correta)
  5. A vacinação sistemática contra a doença de Newcastle é obrigatória em todos os estados da federação, independente da situação epidemiológica da região.

Fundação Universa – FUNIVERSA – 2016 – IFAP – Médico Veterinário  

A doença de Newcastle, definida como enfermidade que possui um índice de patogenicidade intracerebral em pintos SPF de um dia acima de 0,7, é uma enfermidade de notificação obrigatória. O Brasil possui programa de vacinação específico para evitar o ressurgimento da enfermidade no País. A respeito do tratamento da doença de Newcastle, assinale a alternativa correta.

  1. Deve ser intensivo, com antibióticos e vacinação dos animais jovens.
  2. Deve ser restrito o acesso de pessoas, aves e seus produtos à granja até todos os animais receberem o tratamento com antibióticos por três dias seguidos. Após esse período, o acesso estará livre.
  3. Devem ser eliminados todos os ovos que existirem na granja e vacinadas apenas as aves acima de 45 dias.
  4. Devem ser eliminados todos os resíduos de alimentos da granja e vacinados todos os animais.
  5. Não há tratamento. Devem ser feitos o controle e a prevenção da doença por meio de vacinação e medidas sanitárias adequadas, como restrição do acesso de pessoas, aves e seus produtos à granja. (Resposta correta)

MS CONCURSOS – 2016 – Prefeitura de Itapema – SC – Médico Veterinário

A doença de Newcastle é causada por um vírus. Assinale a alternativa correta referente a sua transmissão:

  1. Pode ocorrer de ave para humano horizontalmente, ou através de produtos contaminados, sendo que as vias de eliminação do vírus são fezes e aerossóis.
  2. Pode ocorrer somente através de produtos contaminados.
  3. Pode ocorrer de ave para ave horizontalmente, ou através de produtos contaminados, sendo que as vias de eliminação do vírus são fezes e aerossóis. (Resposta correta)
  4. Pode ocorrer pela ingestão da carne crua ou mal passada.

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Bons estudos e até a próxima. 

Autoria da redatora do Ifope:
Tereza Abujamra