Aconteceu nos últimos tempos um aumento na incidência de pragas nas principais culturas de interesse agrícola. Nesse post, iremos destacar as principais doenças do Milho e os métodos de manejo que podem ser adotados em cada ocasião.

O Brasil é um dos grandes produtores de milho, seja ele transgênico ou convencional. No cenário atual, mesmo com todas as tecnologias disponíveis, a ocorrência de doenças do milho tem sido motivo de grande preocupação entre os produtores. Por isso, conhecer e identificar as doenças no campo é fundamental!

O que é considerado uma doença de planta?

As doenças de plantas são anormalidades causadas por microrganismos (fungos, bactérias, vírus), e também por fatores ambientais, como temperatura, luz e umidade. Ou seja, é toda alteração que ocorre no desenvolvimento fisiológico da planta ou na sua estrutura. 

A incidência de doença nas plantas pode causar grandes prejuízos econômicos, sendo assim, é de extrema importância o conhecimento das suas características para manter uma lavoura prevenida e livre de infestações. 

A semente de milho chega até a lavoura com todo seu potencial produtivo, mas para atingi-lo, precisamos ter em mente que desde o plantio até a colheita, a planta enfrenta diversos obstáculos, que podem reduzir a sua produtividade. 

Quais são as principais doenças do milho?

As doenças do milho podem ocorrer em todas as partes da planta, no entanto, as foliares são as mais comuns e podem comprometer o rendimento da produção pela dificuldade de controle, principalmente em plantio safrinha.

Entre as principais doenças do milho, destacam-se a mancha branca, a cercosporiose, as ferrugens, os enfezamentos e a podridão dos colmos. Vamos explicar cada uma delas a seguir.

Mancha branca 

Doenças do milho: mancha branca

A mancha branca ou pinta branca, é causada pelo fungo Phaeosphaeria maydis. Os sintomas são caracterizados pelo aparecimento de pequenas lesões, circulares ou ovais, de cor verde pálido, que se tornam esbranquiçadas com o passar do tempo. 

As lesões são observadas inicialmente nas folhas inferiores, passando para as superiores, sendo mais severas na época de pendoamento do milho. 

O inóculo da doença é oriundo de restos culturais e a disseminação do patógeno, também ocorre pelo vento e por respingos de chuvas. 

A junção de temperaturas mais amenas durante a noite e elevada umidade relativa, favorecem o desenvolvimento da doença.

Normalmente, plantios mais tardios favorecem o aumento da incidência e a severidade da doença, podendo causar prejuízos acima de 60% na produtividade.

Cercosporiose 

Doenças do milho: cercosporiose

A cercosporiose é uma doença causada pelo fungo Cercospora zea-maydis. Atualmente está difundida por todo o território nacional e é considerada uma das doenças do milho mais agressivas

O sintoma típico da cercosporiose é caracterizado pela presença de manchas, de coloração cinza, paralelas às nervuras da folha. Essas lesões podem se desenvolver e afetar toda a área foliar, causando perdas de produtividade superiores a 80%.

O inóculo da doença pode persistir em restos culturais e é disseminado pelo vento e por respingos de chuva.

A ocorrência de umidade relativa do ar maior que 90%, juntamente com a temperatura entre 25 e 30ºC, são consideradas condições ideias para o desenvolvimento da doença.

Ferrugem Polissora

Doenças do milho: ferrugem polissora

A Ferrugem Polissora é uma doença do milho causada pelo fungo Puccinia polysora. Os sintomas apresentam-se como manchas foliares, circulares ou elípticas, amareladas ou douradas, distribuídas densamente na parte superior da folha.

Essa ferrugem é considerada a mais agressiva para a cultura do milho, provocando redução na produtividade de até 65%.

Ocorre principalmente em condições de temperatura elevada e alta umidade relativa do ar, estando presente principalmente, em regiões com baixa altitude. 

Outras ferrugens também ocorrem no milho, como por exemplo, a ferrugem comum provocada pelo fungo Puccinia sorghi, e a ferrugem branca ou tropical, causada por Physopella zeae. Essas ferrugens são menos agressivas e os sintomas ocorrem em ambas as faces da folha.

Enfezamentos

doenças do milho Enfezamento pálido
Enfezamento vermelho

Há dois tipos de enfezamento na cultura do milho: O Enfezamento Pálido e o Enfezamento Vermelho. Ambos são considerados doenças sistêmicas, ou seja, que ocorrem nos tecidos da planta, especificamente no floema, e são causados por patógenos pertencentes à classe dos Mollicutes, cuja transmissão é realizada por um inseto, mais conhecido como cigarrinha, Dalbulus maidis.

O enfezamento pálido é causado pelo Spiroplasma kunkelli. Os sintomas característicos são estrias esbranquiçadas na base das folhas, estendendo-se até o ápice. As plantas ficam menores devido ao encurtamento dos entrenós, e consequentemente, provoca a formação de espigas menores e sem grãos. 

Já o enfezamento vermelho, é causado por um fitoplasma chamado Candidatus Phytoplasma asteris. A doença apresenta sintomas de avermelhamento das folhas, produção de espigas pequenas, perfilhamento na base da planta, enchimentos de grãos incompleto, encurtamento dos entrenós e seca precoce das plantas.

Temperaturas e umidade do ar elevadas, juntamente com alta densidade populacional de cigarrinhas na fase inicial de desenvolvimento da cultura, favorecem o aparecimento da doença em grau de severidade maior. 

Podridão dos colmos

Podridão do colmo milho

A podridão do colmo pode ser causada por diversos patógenos, por esse motivo, é considerada uma doença de extrema importância na cultura do milho, pela dificuldade de distinguir os sintomas no campo.

Como comentamos, há diversas variações dessa doença do milho devido aos agentes causadores, confira quais são elas:

  • Podridão de Colletotrichum – agente causador Colletotrichum graminicola;
  • Podridão de Diplodia – Diplodia maydis;
  • Podridão de Fusarium – Fusarium moniliforme;
  • Podridão de Giberella – Gibberella zeae;
  • Podridão preta do colmo – Macrophomina phaseolina;
  • Podridão por Pythium – Pythium spp;
  • Podridão bacteriana do colmo – Erwinia chrysanthemi pv. zeae.

Independente do agente causador, as podridões causam grandes prejuízos econômicos.

O colmo e as raízes normalmente apodrecem, apresentam coloração característica e podem afetar o processo de enchimento de grãos, a formação das espigas e a qualidade do produto.

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Como eliminar as doenças do milho? Veja 7 medidas

Com o objetivo de evitar e eliminar o aparecimento de doenças na plantação de milho, é essencial realizar o monitoramento constante da lavoura, desde o plantio até a colheita, e adotar algumas medidas de controle, dentre elas:

  • escolher cultivares resistentes;
  • realizar a rotação de culturas;
  • eliminar restos culturais na área de plantio;
  • manter uma boa nutrição das plantas;
  • realizar o plantio em épocas adequadas;
  • adotar o período de pousio quando necessário;
  • utilizar o controle químico, através da aplicação de fungicidas.

É importante lembrar ao nosso produtor, que os Engenheiros Agrônomos são os profissionais mais qualificados para cuidar das nossas lavouras. Portanto, antes de utilizar qualquer produto químico, é essencial consultar um profissional responsável, que saiba identificar corretamente o problema e indicar os melhores métodos de controle para cada caso.

Assim, para finalizarmos o conteúdo, preparamos algumas questões para os Concurseiros de plantão treinarem. 

Preparatório para Concursos Agronomia

Doenças do milho caem em concursos públicos; veja questões com gabarito

AOCP – 2012 (BRDE)

1- São doenças principais do milho:

(A) Cercosporiose (cercospora zea-maydis) e Ferrugem Polissora (Puccinia polysora). 
(B) Cercosporiose (cercospora zea-maydis) e Mancha Angular (Phaeoisariopsis griseola). 
(C) Mancha de Phaeosphaeria e Murcha de Fusarium (Fusarium oxysporum).
(D) Ferrugem Polissora (Puccinia polysora) e Oídio (Erysiphe polygoni). 
E) Ferrugem Tropical (Physopella zeae) e Podridão Radicular seca ( Fusarium solani).

COPEVE/UFAL – 2007 (ADEAL)

2- Com o advento do milho safrinha, aumentou muito a importância das doenças na cultura do milho, principalmente algumas delas, que somente sobrevivem em material vivo. O controle se dá com cultivares resistentes às pragas e doenças. 

I. Ferrugem causada por polysora (Puccinia polysora); 
II. Ferrugem Comum (Puccinia sorghi); 
III. Ferrugem Tropical (Physopella zeae); 
IV. Mancha da Folha causada por Pharosphaeria maydis; 
V. Lagarta do Cartucho (Spdoptera frugiperda). 

Dentre as opções descritas, qual(is) se apresenta(m) como doença na cultura do milho? 

A) I e II 
B) I, II, III e IV 
C) III
D) IV e V 
E) V  

COPEVE/UFAL – 2007 (ADEAL)

3- A ocorrência de Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis), doença que ocorre de maneira epidêmica na safra da cultura do milho, de maneira severa, causa problemas de ordem produtiva. Qual das medidas abaixo descritas está mais correta afirmar? 

A) Eliminar restos da cultura do milho em locais onde ocorreu a mancha de Cercospora bem como trabalhar a área com rotação de culturas como soja, sorgo, algodão, girassol e outras, uma vez que o milho é o único hospedeiro da Cercospora zeae-maydis. 

B) Introduzir cultivares resistentes na área onde ocorreu a mancha de Cercospora zeae-maydis, visando diminuir a concentração de inoculo. 

C) Realizar adubação de Nitrogênio e Potássio com o objetivo de equilibrar a planta nutricionalmente tornando-a menos resistente ao desenvolvimento da Cercospora zeaemaydis.

D) Realizar rotação de culturas como soja, sorgo, girassol, algodão e outras como mecanismo de controle na diminuição da concentração de inoculo, independentemente da presença de restos culturais existentes na área. 

E) Realizar inicialmente a correção do pH do solo, e em função da análise química, realizar adubações em dosagem suficiente para equilibrar a cultura do milho visando ao melhor controle da Cercospora zeae-maydis.

GABARITO

  1. A
  2. B
  3. A

Autoria da redatora do Ifope:
Karina Rosalen