Você sabe o que é fitopatologia? Basicamente, a palavra denomina a ciência responsável pelo estudo das doenças de plantas, configurando-se como um ramo de conhecimento extremamente importante para a agricultura.

Sabendo de sua importância e da necessidade de conhecimento sobre o tema, principalmente para estudantes e profissionais do ramo agricultor, preparamos este texto. Para ficar por dentro e aprender sobre fitopatologia, continue lendo.

O que é fitopatologia?

A palavra fitopatologia é originária do grego phyton = planta; pathos = doença; logos = estudo). Também conhecida como patologia vegetal, a fitopatologia é a ciência que estuda as doenças, os danos e as alterações no funcionamento normal das plantas. Ela é responsável por investigar a origem dessas alterações, que podem ocorrer devido a:

  • ataques de insetos e de outros animais;
  • ataques de fungos, bactérias e vírus;
  • plantas parasitas;
  • fatores climáticos, etc.

Inicialmente, a fitopatologia estava diretamente ligada à Botânica, e seus estudos se preocupavam exclusivamente em combater as pragas e as doenças de plantas. Já no século passado, a fitopatologia se tornou uma disciplina autônoma e, atualmente, suas pesquisas são mais aprofundadas, sendo possível, inclusive, fazer melhorias genéticas em determinadas espécies.

Embora seja autônoma, a fitopatologia usa conhecimentos básicos e técnicas de vários outros ramos científicos, como a Botânica, Microbiologia, Anatomia Vegetal, Fisiologia Vegetal, Bioquímica, Engenharia Genética, Horticultura, Ecologia, Química, etc.

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Quais os objetivos da fitopatologia?

Como a fitopatologia abrange todas as etapas das doenças de plantas, seus objetivos são:

  • Descobrir os fatores causadores de doenças (organismos e condições ambientais);
  • Identificar os mecanismos pelos quais as doenças são produzidas;
  • Estudar a interação entre patógenos e a planta doente;
  • Fazer o diagnóstico e definir o tratamento;
  • Propor métodos de prevenção e controle das doenças.

Como surgiu a fitopatologia?

Apesar de possuir um histórico relativamente antigo, já que a identificação de doenças de plantas é feita desde antes de Cristo, somente há poucos anos foram desenvolvidas técnicas para erradicar as mazelas em plantas.

Como não havia explicações nem formas de erradicar, os problemas em lavouras, durante muito tempo, eram atribuídos a fenômenos sobrenaturais ou, até mesmo, a questões místicas. Mas, graças à evolução da ciência, foi possível não somente dar explicações plausíveis para os problemas nas lavouras, mas, também, descobrir maneiras de evitá-los.

Para entender melhor a história da fitopatologia, podemos dividir seus períodos da seguinte maneira: 

Período Místico 

Este período envolve desde os tempos mais remotos até a fase inicial do século XIX. Durante esse tempo, não havia uma explicação racional para as doenças de plantas nem para as questões climáticas. Por isso, as causas eram atribuídas a fatores sobrenaturais. Porém, no final desse período, alguns botânicos começaram a tentar descrever as doenças de plantas, baseando-se nos sintomas, e micologistas passaram a associar a planta doente a fungos.

Período da Predisposição 

O período da predisposição se iniciou no começo do século XIX, quando a associação entre fungos e plantas doentes ficou mais clara.

Em 1807, na França, o suíço Prevóst publicou um trabalho mostrando que o fungo Tilletia tritici causava a cárie do trigo. Seu trabalho foi bem aceito, contudo, como suas teorias não abrangiam outras doenças, a cárie do trigo era considerada uma exceção, acreditando-se que os fungos apareciam por geração espontânea em outros casos. 

Mas, ainda neste período, os micologistas começaram a catalogar fungos associando à plantas doentes e a descrever diversos parasitas importantes.

Em 1853, o botânico, microbiologista e micólogo alemão Heinrich Anton De Bary provou, cientificamente, que a requeima da batata era causada pelo fungo Phytophthora infestans, corroborando para comprovar que as doenças tinham caráter parasita. De Bary é considerado um dos fundadores do estudo das doenças de plantas.

Período Etiológico

Os estudo de De Bary e do engenheiro agrônomo alemão Julius Gotthelf Kühn, também fundador da fitopatologia, deram início ao período etiológico.

Em 1860, o francês Louis Pasteur acabou com a teoria da geração espontânea, e em 1881, o alemão Robert Koch formulou os Postulados de Koch. A partir destes eventos importantes, foi possível para a fitopatologia progredir, afirmando-se como ciência. É nesse período que a maioria das doenças importantes começou a ser descrita. 

Além dos acontecimentos acima, outras ocorrências também marcaram o período etiológico:

  • Em 1876, o botânico e micologista Thomas Jonathan Burrill relatou a primeira bacteriose em pereira;
  • Em 1886, o químico Adolf Mayer investigou a natureza infecciosa das viroses;
  • E, no mesmo ano, Pierre Marie Alexis Millardet descobriu o primeiro fungicida, a calda bordalesa.

Período Ecológico 

Foi no período ecológico que percebeu-se o quanto o meio ambiente era importante para a manifestação da doença. Foram conduzidos diversos estudos minuciosos sobre variados fatores do meio (climáticos, nutricionais, etc.), passando-se a olhar para as doenças de plantas como resultado da relação entre planta, patógeno e meio.

Também, iniciaram-se pesquisas acerca da predisposição e da resistência de espécies vegetais a diferentes patógenos, além de estudos sobre genética e melhoramento.

Ainda no período ecológico, surgiram os fungicidas mercuriais orgânicos para tratar sementes e os fungicidas orgânicos pertencentes aos tiocarbamatos.

Período Atual 

Durante as décadas de 1940 e 1950, surgiram várias pesquisas sobre fisiologia de plantas e fungos e sobre o progresso da doença no campo. Devido ao avanço da ciência, foi possível estabelecer fatos e formular novas teorias acerca da dinâmica planta+patógeno+doença.

Trabalhos como os de Ernst A. Gäumann, Ludwig Heinrich Pfenning e John C. Walker auxiliaram no avanço da fitopatologia. Contudo, devido à escassez de contribuições de estudos sobre condições ecológicas, era preciso reformular os conceitos, o que aconteceu com a publicação do livro Pflanzliche Infektionslehre: Lehrbuch der Allgemeinen Pflanzenpathologie für Biologen, Landwirte, Förster und Pflanzenzüchter, que pode ser traduzido para o português, de maneira literal, como Teoria da infecção de plantas: livro sobre patologia geral de plantas para biólogos, agricultores, silvicultores e melhoristas. O livro de autoria de Ernest Gaumann trouxe novos princípios e ideias, dando início a duas abordagens novas na Fitopatologia, que existem até hoje: abordagem fisiológica e abordagem epidemiológica. 

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Fitopatologia no Brasil

Aqui no Brasil, a história da fitopatologia começa com cientistas estrangeiros que estudaram problemas nas plantas que eram importantes para a agricultura da época (século XIX e início do século XX), como o cafeeiro e a cana-de-açúcar. 

No final do século XIX, surgem as primeiras Escolas de Agronomia no Brasil, iniciando a formação de profissionais com conhecimento em fitopatologia.

Que profissional atua com fitopatologia?

A fitopatologia é uma das áreas de conhecimento do engenheiro agrônomo e do engenheiro florestal. Portanto, seus conhecimentos são exercidos por profissionais dessas áreas. O Dec. Fed. 23.196/33, a Resolução CONFEA 218/73 e a Resolução MEC 01/2006, por exemplo, são alguns dos dispositivos legais que asseguram a fitopatologia como campo de atuação do engenheiro agrônomo.

Qual a importância da fitopatologia?

Com o aumento da população, surge a necessidade ainda maior de tornar a produção agrícola mais ativa e eficaz. Nesse sentido, a fitopatologia é uma ferramenta essencial para cuidar da produção agrícola e da qualidade dos alimentos. Trata-se de uma ciência essencial para a agricultura, que auxilia, também, em fatores econômicos e sociais. 

Com o conhecimento proporcionado pela fitopatologia, é possível evitar a perda de alimentos e desenvolver diversas tecnologias. Além disso, também pode-se propor melhorias genéticas em algumas espécies, tornando-as mais resistentes às doenças.

Conclusão

Podemos dizer que a fitopatologia é uma área de conhecimento importante não somente para profissionais do ramo, mas para a toda a população de maneira geral. Afinal, todos dependem dos alimentos para sobreviver. 

E, se você é do ramo agrícola, o que acha de aproveitar que está aqui e aprofundar seus conhecimentos no vídeo abaixo?

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