O que você sabe sobre a IA é o suficiente para acertar qualquer questão de concurso para veterinário?

Você sabe qual o agente etiológico, os principais sintomas, qual o método diagnóstico da doença? Para revisar o tema e afinar os conhecimentos, escrevemos esse texto com os principais assuntos já cobrados em provas anteriores.

Não deixe para depois. A hora de estudar é agora! Boa leitura.

Influenza Aviária – IA

A Influenza Aviária (IA) é uma doença viral altamente contagiosa que afeta várias espécies de aves domésticos e silvestres e, ocasionalmente, mamíferos como ratos, gatos, cães, cavalos, suínos e seres humanos. 

Segundo a IN 50/2013, a influenza aviária (tanto de alta quanto de baixa patogenicidade) está na lista de “doenças erradicadas ou nunca registradas no país, que requerem notificação imediata de caso suspeito ou diagnóstico laboratorial”. Além disso, também está presente do PNSA – Programa Nacional de Sanidade Avícola para controle, instituído no âmbito da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/MAPA).

Etiologia da Influenza Aviária

Os vírus que causam influenza são classificados como membros do gênero Orthomyxovirus, família Orthomyxoviridae. São vírus envelopados, de genoma RNA de fita simples segmentada e dividem-se em 3 tipos, os vírus da influenza A, B e C.

Os tipos B e C são principalmente patógenos humanos e o tipo A é isolado de muitas espécies animais, incluindo os humanos – todos os vírus de IA de aves são integrantes do tipo A.

Os vírus influenza A apresentam alta capacidade de mutação, sendo divididos em subtipos de acordo com as diferenças de suas glicoproteínas de superfície, denominadas hemaglutinina (H) e neuraminidase (N). Na Figura 1, abaixo, temos um esquema estrutural do vírus influenza, localizando as H e N como projeções rígidas no envelope viral.

Fonte: Martins NRS, 2001.

Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), a IA de notificação obrigatória é uma infecção em aves comerciais causada por qualquer vírus da influenza do tipo A, pertencente ao subtipo H5 ou H7, ou ainda por qualquer vírus de influenza aviária que apresente índice de patogenicidade intravenosa (IPIV) superior a 1,2 ou que seja causador de mortalidade superior a 75%.

Você precisa ler também: Influenza Aviária – revisão e cenário atual

Fonte de Infecção e Modo de Transmissão da IA

Aves aquáticas foram incriminadas como importantes reservatórios naturais dos vírus da influenza e provavelmente albergam-nos há anos. Anteriormente, essas aves apresentavam infecção sem adoecer, o que lhes permitia transportar o vírus a longas distâncias ao longo das rotas de migração. Porém, nos últimos anos, temos visto muitos casos de alta mortalidade em aves silvestres infectadas com IA, vide exemplos reportados na Europa atualmente.

As principais espécies silvestres envolvidas parecem ser as aves aquáticas, gaivotas e aves costeiras. As aves migratórias podem ser consideradas as responsáveis pela introdução de cepas H5 e H7 de baixa patogenicidade, nos plantéis avícolas comerciais, as quais em seguida sofrem mutação para alta patogenicidade, podendo provocar infecção à população humana. 

Nas aves, os vírus da IA são excretados nas fezes, bem como na saliva e secreção nasal. A doença pode ser transmitida a grupos de aves domésticas pela ingestão/inalação do vírus assim como por meios mecânicos envolvendo a movimentação de pessoas. Para o MAPA, a globalização e o comércio internacional resulta em intenso fluxo de pessoas ao redor do mundo, assim como de mercadorias, aumentando consideravelmente o risco de disseminação da IA. 

A IA também pode ser transmitida através de objetos, como sapatos, roupas e engradados que tiveram contato com aves ou de propriedades infectadas. Embora exista a possibilidade de transmissão vertical da influenza aviária, por ovos infectados, não há comprovação de evidência de sua propagação por esse meio.

O MAPA destaca também outro fator que contribui para a transmissão do vírus, a existência de mercados/feiras de vendas de aves vivas, que facilitam o contato próximo entre diferentes espécies de animais, assim como com o homem. Isso, além de favorecer a transmissão, aumenta a probabilidade de recombinações genéticas entre diferentes tipos de vírus de influenza.

Portanto, fique atento, no site do MAPA temos destacados os três principais fatores que contribuem para a transmissão da influenza aviária:

  1. Aves migratórias/silvestres
  2. Globalização e comércio internacional
  3. Mercados/feiras de vendas de aves vivas

As aves selvagens são os hospedeiros naturais da variante H5N1 (muito contagiosa, pode leva-las a morte) e a disseminação dessa variante na população de aves domésticas pode representar riscos à população humana através possibilidade de infecção direta. Dos raros casos ocorridos no mundo, a variante H5N1 causou o maior número de morte em humanos. Os costumes de convivência com aves domésticas como patos e gansos infectados, podem ter facilitado a ocorrência de casos humanos.

IA – Sinais Clínicos e Lesões 

Os sinais da infecção pelo vírus da IA pode resultar em quadros clínicos variáveis e até mesmo passar despercebidos. No caso de IA de alta patogenicidade comumente se observa:

  • morte súbita, que pode chegar até 100% do plantel em 48 horas;
  • depressão severa;
  • edema facial com crista e barbela inchada e com coloração arroxeada;
  • cianose na crista, barbela e pernas;
  • dificuldade respiratória com descarga nasal.

Na necropsia constata-se, desde a ausência de lesões evidentes, como também:

  • focos de necrose principalmente em pele, crista, barbela, baço, fígado, pulmão, rim, intestino e pâncreas
  • exsudato fibrinoso nos sacos aéreos, oviduto, saco pericárdico ou no peritônio
  • petéquias no músculo cardíaco, na gordura abdominal e na membrana mucosa do proventrículo
  • encefalite não supurativa
  • pericardite serofribinosa

Diagnóstico

Os vírus da influenza aviária podem ser identificados através de reação em cadeia de polimerase por transcrição reversa (RTPCR), pesquisa de antígeno e isolamento do vírus.

O isolamento viral é um método tradicional para detecção e identificação dos vírus da influenza aviária e podem ser isolados de amostras obtidas de traqueia, pulmão, saco aéreo, exsudato de seio nasal ou swab de cloaca.

A presença do vírus da influenza A no fluido alantoide ou em cultura celular é confirmada por teste de hemaglutinação, ELISA de captura de antígeno ou por sequenciamento.

Para subtipagem adicional do vírus, devem ser realizados testes de inibição da hemaglutinação e da NA, com o auxílio de uma bateria de antissoros contra cada um dos 16 subtipos de hemaglutinina (H1 a H16) e dos 9 de neuraminidase (N1 a N9).

O isolamento e identificação viral seguem as normas oficiais previstas pelo Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) no Brasil. O programa será descrito em outros textos, portanto fiquem atentos ao blog do IFOPE.

Controle e Prevenção da IA

Por se tratar de uma enfermidade da lista da OIE, a IA está sujeita à vigilância sanitária e epidemiológica permanente. As medidas adotadas incluem o controle sobre material genético importado e a busca de suspeitas de ocorrência de doenças. 

A vigilância epidemiológica da influenza aviária é executada em todas as unidades da Federação, baseadas nas normativas em vigor do MAPA.

A vacinação é proibida no Brasil, sendo prevista somente em casos de foco como meio de contenção.

Na listagem abaixo, trazemos os principais atos normativos do PNSA vigentes. 

Instrução Normativa SDA n° 17, de 7 de abril de 2006.Aprova o Plano Nacional de Prevenção da Influenza Aviária e de Controle e Prevenção da Doença de Newcastle em todo o território nacional e Atualização prevista na Portaria nº 275 (2021).
Instrução Normativa SDA n° 32, de 13 de maio de 2002. Aprova as normas técnicas de vigilância para a Doença de Newcastle e Influenza Aviária, e de controle e erradicação para Doença de Newcastle.
Instrução Normativa SDA n° 21, de 21 de outubro de 2014. Estabelece as normas técnicas de Certificação Sanitária da Compartimentação da Cadeia Produtiva Avícola das granjas de reprodução, de corte e incubatórios, de galinhas ou perus, para a infecção por Influenza Aviária e Doença de Newcastle. Alterada pela Instrução Normativa SDA n° 18, de 9 de junho de 2017.
Ficha Técnica de Doença da Newcastle (Maio/2021). Relaciona as principais características da Doença de Newcastle e define casos suspeitos, confirmados e descartados da doença.
Ficha Técnica de Influenza Aviária. Relaciona as principais característica da Influenza Aviária e define casos suspeitos, confirmados e descartados da doença.
Instrução Normativa MAPA n° 56, de 4 de dezembro de 2007. Estabelece os procedimentos para registro, fiscalização e controle dos estabelecimentos avícolas de reprodução, comerciais e de ensino ou pesquisa.
Instrução Normativa SDA n° 10, de 11 de abril de 2013. Define o programa de gestão de risco diferenciado para estabelecimentos avícolas.

Questões de concursos sobre IA

E agora, que tal responder algumas questões sobre IA, para avaliar a qualidade da sua leitura? 

(FEPESE-2017-CIDASC-Médico Veterinário).

Em relação à Influenza Aviária, assinale a alternativa correta:

  1. O agente viral pertence à Família Paramyxoviridae, Gênero Avulavirus.
  2. O vírus é transmitido exclusivamente por contato direto entre aves infectadas e susceptíveis.
  3. Aves nascidas em Incubatório de Matrizeiro no Brasil deverão ser vacinados contra a Influenza Aviária.
  4. A influenza aviária é considerada uma zoonose, o que representa preocupação permanente aos agentes de saúde pública, uma vez que alguns subtipos, tais como H5N1, H9N2, H7N7 e H7N2, já foram transmitidos de aves domésticas para humanos.
  5. Estudos têm indicado que o risco dos vírus de baixa patogenicidade é eminente, pois estes agentes podem sofrer mutações e gerar cepas de alta patogenicidade, que são capazes de promover mortalidade em cerca de 5% das aves afetadas.

(CESPE-2009-ADAGRI-CE-Fiscal Estadual Agropecuário – Medicina veterinária).

O agente etiológico da influenza aviária é o vírus da influenza aviária tipo A, pertencente aos subtipos H5 ou H7, ou qualquer vírus de influenza aviária com índice de patogenicidade intravenosa superior a 1,2 (ou que cause mortalidade em pelo menos 75% dos casos).

(    ) Certo
(    ) Errado

(CESPE-2009-ADAGRI-CE-Fiscal Estadual Agropecuário – Medicina veterinária).

O subtipo do vírus da influenza aviária H5N1, que é altamente patogênico, acomete os humanos.

(    ) Certo
(    ) Errado

(CESPE-2009-ADAGRI-CE-Fiscal Estadual Agropecuário – Medicina veterinária).

As provas sorológicas são dispensáveis para a investigação de casos suspeitos de influenza aviária, porque os anticorpos são oriundos de vacinações.

(    ) Certo
(    ) Errado

(CESPE-2009-ADAGRI-CE-Fiscal Estadual Agropecuário – Medicina veterinária).

Um método de diagnóstico para a confirmação do vírus da influenza aviária, em amostras suspeitas, é o plaquemento seletivo com sulfato de polimixina em ágar sangue.

(    ) Certo
(    ) Errado

Gabarito:

D
Certo
Certo
Errado
Errado

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Bons estudos e até a próxima!

Autoria da redatora do Ifope:
Tereza Abujamra