Fadiga, febre e dores no corpo são alguns dos sintomas da doença de Lyme. Ocasionada pelo contato com um carrapato infectado por uma bactéria essa patologia pode ter consequências para o resto da vida dos pacientes. Isso porque, apesar de existir uma cura, quanto mais tempo a pessoa demora a procurar tratamento médico, maior as chances de desenvolver outras patologias em decorrência da infecção. Dentre elas podemos citar artrite e doenças cardíacas e neurológicas.
A doença de Lyme, ou doença do carrapato, é conhecida por infectar não só seres humanos, mas também mamíferos domésticos e selvagens. Desse modo, o estudo dessa patologia não se restringe à área da medicina, também sendo muito pesquisado por profissionais da área de veterinária. Inclusive, conhecimentos sobre a doença já foram cobrados em diversos concursos públicos ao longo dos anos.
Neste artigo você vai conferir tudo sobre a doença de Lyme, suas formas de contágio, tratamento e prevenção da doença. Confira!
O que é a doença de Lyme?
A doença de Lyme é provocada por uma bactéria transmitida por carrapatos. Normalmente as pessoas se infectam quando saem por áreas florestais. O carrapato permanece grudado na pele para sugar o sangue por mais de um dia, e quanto mais tempo ele permanece ali, maior a chance de inocular a bactéria da espécie Borrelia. Isso porque, as bactérias que causam a doença de Lyme são transmitidas quando um carrapato infectado fica agarrado ao corpo por mais de 36 horas. Períodos breves de aderência não costumam transmitir a patologia.
Geralmente surgem manchas vermelhas no local da mordida, que aumentam lentamente. Quando não tratada, ela pode causar febre, dores musculares, inchaço nas articulações e em casos mais graves, mau funcionamento cerebral e dos nervos. O tratamento envolve o uso de antibióticos, mas alguns sintomas como as dores nas articulações podem persistir mesmo após o tratamento.
A doença de Lyme foi descoberta em 1976 e seu nome remete à cidade de Lyme, em Connecticut, devido ao grande número de casos na região. Essa doença tem maior ocorrência nos Estados Unidos e no Canadá e normalmente o contágio ocorre no verão quando as pessoas têm mais contato com áreas florestais.
Os sintomas da doença de Lyme
Os sintomas da doença de Lyme variam bastante. Isso porque, a doença possui três etapas: infecção precoce ou localizada, infecção disseminada precoce e infecção persistente ou tardia. O não tratamento da doença pode desencadear consequências sérias como dor, inchaço e até paralisia.
Doença de Lyme em etapa precoce ou localizada
Normalmente o primeiro sintoma é uma grande mancha saliente no local da mordida do carrapato. Ela pode surgir no período entre 3 e 32 dias após a infecção e normalmente se expande lentamente. Geralmente esse edema não coça nem dói, mas pode ser quente ao toque. Cerca de 25% dos infectados não notam essa mancha vermelha.
Doença de Lyme em etapa disseminada precoce
Esse é o momento em que a bactéria atinge outras áreas do corpo e se espalha. A pessoa infectada pode apresentar sintomas como cansaço, arrepios, febre, dores de cabeça, rigidez no pescoço, dores musculares e nas articulações, além de inchaço em regiões como joelhos e cotovelos. Os sintomas dessa etapa podem durar por semanas. Além disso, algumas pessoas podem sentir dores nas costas, enjoos, vômitos, dor de garganta, aumento do baço e linfonodos inchados, contudo, esses sintomas são raros.
A maioria dos sintomas pode desaparecer com o tempo, porém a sensação de mal-estar e cansaço pode durar por semanas. Muitas vezes os sintomas podem ser confundidos com gripe ou outras infecções virais. Isso acontece porque muitas vezes os pacientes não identificam as manchas na pele.
Doença de Lyme em etapa de infecção persistente ou tardia
Se a infecção não for tratada, outros problemas podem ocorrer. Mais da metade das pessoas desenvolvem problemas como artrite, inchaço e dor. Mesmo após o tratamento esses sintomas podem aparecer ocasionalmente ao longo dos anos. Além disso, alguns desenvolvem patologias relacionadas ao mau funcionamento do cérebro e do sistema nervoso. Humor, fala e sono também podem ser afetados.
Como diagnosticar a doença de Lyme?
Normalmente o diagnóstico da doença de Lyme é feito por meio de exames de sangue e em alguns casos a partir de uma amostra de líquido articular. Um dos grandes problemas da doença é que a interpretação dos resultados é difícil. Pessoas que não identificam a erupção cutânea por exemplo procuram tratamento médico tardio, normalmente se queixando de dores nas articulações e cansaço excessivo.
Os testes com base nos líquidos articulares funcionam da seguinte maneira: o médico insere uma agulha em uma articulação para obter uma amostra do líquido. Em seguida é feita uma análise para verificar se existem fragmentos do material genético das bactérias nas amostras. Isso é feito usando-se a técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR). Essa técnica possibilita a identificação da bactéria Borrellia mais rapidamente.
Doença de Lyme: conheça as formas de prevenção
Como dissemos, a doença de Lyme é transmitida por meio de um carrapato e por isso sua prevenção envolve adotar precauções para evitar mordidas desses animais. Caso se exponham a locais com ocorrências de carrapatos é preciso examinar cuidadosamente o corpo inteiro e retirar com cuidado qualquer carrapato encontrado.
Além disso, é possível reduzir as chances de contato com carrapatos adotando as seguintes medidas:
- Permanecer nos caminhos e trilhas, evitando se embrenhar por matas fechadas;
- Não se sentar no chão;
- Vestir camisas de manga comprida;
- Vestir calças compridas e enfiá-las por dentro de botas ou meias;
- Vestir roupas de cores claras (elas permitem ver os carrapatos com mais facilidade);
- Aplicar repelentes contra insetos diretamente na pele.
Caso você localize um carrapato após uma trilha é preciso extraí-lo com cuidado. Para isso, utilize pinças pontiagudas para agarrar a cabeça ou a parte em que ele se penetra na pele e arrancá-lo aos poucos. O corpo do carrapato não deve ser agarrado ou esmagado, além de não ser recomendável utilizar materiais como vaselina, álcool, fósforo ou outras substâncias que podem causar irritações cutâneas.
Quando o paciente não identifica o carrapato em menos de 36 horas é preciso procurar um médico. Em alguns casos é aplicado uma dose de doxiciclina por via oral para prevenir o desenvolvimento da doença. Contudo, na maioria das vezes, o paciente vai ao médico ao observar erupções cutâneas e assim o tratamento envolve administrar antibióticos.
A doença de Lyme tem cura?
A doença de Lyme possui cura. Seu tratamento envolve a administração de antibióticos para acabar com a infecção. Contudo, alguns dos sintomas podem persistir mesmo após o tratamento, como as dores nas articulações. Isso ocorre pelo que os médicos chamam de reação autoimune. Basicamente, o sistema de defesa do organismo infectado reage de maneira a eliminar a bactéria e acaba por atacar o próprio corpo.
Todas as etapas da doença são tratáveis e na maioria das vezes com o uso de antibióticos. Mas lembre-se sempre que o tratamento precoce reduz a probabilidade de complicações. Antibióticos como a doxiciclina e amoxicilina são tomados por via oral durante duas ou três semanas e se mostram bastante eficazes nos estágios iniciais da doença de Lyme. A importância de se procurar um médico ao identificar os primeiros sintomas é justamente para confirmar o diagnóstico e evitar a automedicação. A doxiciclina por exemplo não é administrada em gestantes, lactantes e menores de 8 anos.
Os antibióticos podem erradicar a bactéria e na maioria das pessoas aliviam os sintomas da artrite. Contudo, em alguns casos anormalidades mais graves como problemas neurológicos e cardíacos podem surgir e o tratamento envolve outras abordagens, podendo requerer até o uso de marca-passo em pacientes com casos mais graves. Além disso, mesmo com o sucesso do tratamento com antibióticos, sintomas como fadiga e dor de cabeça podem persistir.
A doença de Lyme e concursos da área de veterinária
A doença de Lyme, ou borreliose canina, é uma doença de caráter infeccioso que acomete mamíferos domésticos, selvagens e seres humanos. Por isso, é importante que médicos veterinários também conheçam a fundo a doença. Ela já foi tema de vestibulares e concursos da área como a prova para o concurso da Prefeitura de do Município de Cuiabá em 2014. Na questão referente à zoonose os concurseiros tiveram que identificar a bactéria responsável pela infeção:
(FVG projeto – 2014) A doença de Lyme é uma zoonose caracterizada por sintomas inespecífico como mal-estar, febre, cefaléia, rigidez de nuca, mialgias, artralgias migratórias e linfadenopatias. Pode evoluir para manifestações neurológicas como meningite asséptica, encefalite, neurite de pares cranianos (incluindo a paralisia facial bilateral), radiculoneurite motora e sensorial. Sobre o agente etiológico da doença de Lyme, assinale a afirmativa correta.
(A) Rickttsia rickettsii
(B) Haemophilus ducrey
(C) Borrelia burgdorferi
(D) Trypanosoma cruzi
(E) Babesia microti
Em outro momento, o concurso para médico veterinário para a cidade de Campinas em 2012 também abordou a patologia.
O EDITAL Nº 006/2011 abordou a doença de Lyme da seguinte maneira:
A doença de Lyme, também conhecida como borreliose de Lyme, foi identificada inicialmente em 1975 após a investigação de uma grande quantidade de casos de artrite em crianças nos Estados Unidos. Atualmente, já se conhece bem mais sobre essa doença. Em relação a este assunto, assinale a alternativa incorreta.
(A) A doença de Lyme já foi relatada em humanos, cães, equinos e bovinos.
(B) Os sinais clínicos em humanos incluem erupções na pele no local de ligação do carrapato, seguidas por artrite, dor muscular e anormalidades cardíacas ou neurológicas.
(C) Cães não apresentam sinais clínicos de infecção.
(D) A doença de Lyme aguda normalmente responde ao tratamento com amoxicilina e oxitetraciclina.
A doença de Lyme aparece de maneira recorrente em concursos da área de medicina veterinária e por isso conhecer seus sintomas e formas de contágio é muito importante. De maneira geral, a doença é uma zoonose pouco relatada no Brasil, contudo cães podem ser reservatórios do patógeno no ambiente domiciliar, favorecendo a transmissão para o homem e outros animais.
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