A febre aftosa é assunto extremamente cobrado em provas, por isso, aproveite este texto para fazer uma revisão pós-aulas do IFOPE e ainda montar o seu mapa mental a respeito. Bons estudos!
Nessa série de publicações do IFOPE, iremos discorrer sobre as diferentes doenças cobradas nas provas de concursos veterinários. Baseados em questões de provas anteriores, condensamos tudo – ou quase tudo – em um único texto, para facilitar seus estudos e saber o que é mais recorrente nas questões dos concursos.
Febre Aftosa
A febre aftosa é uma enfermidade viral, de evolução aguda e muito contagiosa. Apresenta elevada taxa de morbidade e baixa taxa de mortalidade em animais adultos, mas pode apresentar cerca de 20% de mortalidade em rebanhos jovens devido à dificuldade de alimentação e de locomoção ou pelas lesões miocárdicas, decorrentes da doença.
Impactos da Febre Aftosa
O maior impacto que devemos considerar é do ponto de vista socioeconômico.
A ocorrência da febre aftosa afeta os produtores, empresários e famílias rurais por seus efeitos desfavoráveis sobre a produção.
Também prejudica a abertura comercial aos produtos de origem animal devido às barreiras sanitárias impostas pelo mercado internacional. Isso porque a identificação da infecção pelo vírus, independentemente da apresentação dos sinais clínicos, já é considerada um foco da doença, o que impede a comercialização de animais, produtos e subprodutos de origem animal para zonas e países livres da doença.
Além disso, sobrecarrega os custos públicos e privados, pelos investimentos necessários para sua prevenção, controle e erradicação.
Agente etiológico da Febre Aftosa
O agente etiológico da febre aftosa é um vírus pertencente à família Picornaviridae, do gênero aphthovirus. Seu genoma é constituído por uma única molécula de RNA. Está agrupado em sete sorotipos virais distintos: A, O e C (presentes na América do Sul, África e Ásia), SAT 1, SAT 2 e SAT 3 (encontrados na África) e ÁSIA 1 (presente no continente asiático).
O período de incubação médio é de 3 a 8 dias e não há imunidade cruzada, isto é, quando os animais se recuperam da infecção por um tipo de vírus eles não ficam protegidos contra infecções pelos outros tipos.
O vírus da febre aftosa não resiste:
- à autoclave;
- ao pH abaixo de 6 e acima de 9;
- aos desinfetantes químicos como:
– carbonato de sódio a 4%;
– formol a 10%;
– e hidróxido de sódio a 2%; - a agentes físicos como:
– calor;
– radiação ultravioleta;
– ionização por raios gama;
– e luz solar.
Espécies acometidas
A febre aftosa acomete os animais de casco fendido (biungulados, artiodáctilos ou fissípedes) domésticos e silvestres: bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos, suínos, camelídeos (camelos, lhamas, alpacas, guanacos e vicunhas), cervídeos (veado, corça, alce). Entre outras espécies foi demonstrada a susceptibilidade de elefantes e capivaras.
Apesar de ser rara a ocorrência dessa doença em seres humanos, ela é considerada uma zoonose. O Homem atua como hospedeiro acidental e possui baixa susceptibilidade ao vírus. A infecção pode ocasionar uma enfermidade clinicamente aparente, semelhante à gripe, ou pode ser assintomática, diagnosticada apenas por provas sorológicas.
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Transmissão da Febre Aftosa
O vírus está presente em grande quantidade no epitélio e no fluido das vesículas, mas também é encontrado na saliva, no leite, na urina e nas fezes dos animais infectados, que começam a excretar o vírus poucos dias antes do aparecimento dos sinais clínicos.
A transmissão ocorre por meio do contato direto (contato de animais susceptíveis com animais infectados) ou indireto, como:
- fômites – vestimentas, equipamentos, etc.;
- água;
- inseminação artificial;
- produtos de origem animal – o vírus persiste por longos períodos em coágulos sanguíneos, medula óssea, gânglios linfáticos, fragmentos ósseos e vísceras, pois estes tecidos não sofrem a queda de pH que acompanha o rigor mortis.
A transmissão pela via aérea pode ocorrer e, sob condições favoráveis de clima, a doença pode se espalhar por consideráveis distâncias.
Sintomatologia da Febre Aftosa
O sinal clínico mais evidente são as aftas (vesículas) na boca, nos pés, no focinho, nos tetos, mas também são observados outros sinais:
Bovinos e bubalinos:
- febre;
- inquietação;
- sialorréia;
- dificuldade de mastigar e engolir alimentos;
- tremores;
- queda da produção de leite;
- dor nos tetos ao ordenhar ou amamentar;
- ferimentos nos pés;
- manqueira;
- estalar dos lábios e movimentos estranhos da mandíbula;
- emagrecimento;
- aborto;
- morte de animais jovens.
À necropsia algumas lesões podem ser observadas nos pilares do rúmen e no miocárdio (miocardite, que se apresenta como “coração tigrado”).
Ovinos e caprinos:
- febre;
- severa laminite (que afeta uma ou mais patas);
- manqueira;
- decúbito;
- diminuição da produção de leite;
- morte de animais jovens.
Os sinais clínicos na boca são menos frequentes.
Suínos:
- febre;
- laminite aguda;
- inquietação;
- dificuldade de mastigar e engolir alimentos;
- alta mortalidade de leitões.
Os sinais clínicos na boca são menos visíveis, mas podem ocorrer vesículas no focinho e na língua.
Diagnóstico da Febre Aftosa
De acordo com a IN n°50 de 24 de setembro de 2013 do MAPA, toda suspeita de doença vesicular é de notificação imediata e obrigatória. Em decorrência da suspeita dessas doenças, qualquer pessoa que verifique a existência de sinais clínicos sugestivos deve comunicar imediatamente e solicitar uma visita do Serviço de Defesa Sanitária Animal de seu estado em prazo não superior a 24 horas.
O serviço veterinário oficial tem o prazo de 12 horas para atender a notificação, e um veterinário oficial fará a inspeção dos animais. Caso se confirme uma doença vesicular, providências necessárias devem ser tomadas, como colheita de amostras para diagnóstico laboratorial e estabelecimento de medidas emergenciais de proteção para evitar que a doença se espalhe.
O diagnóstico da febre aftosa baseia-se nos sintomas clínicos, nos dados epidemiológicos e nos testes laboratoriais (ELISA, fixação de complemento e isolamento viral).
As amostras de epitélio oral e podal devem ser colhidas logo após o aparecimento dos sinais clínicos, considerando que é na fase aguda que há maior excreção de vírus.
Devem ser acondicionadas em frasco hermeticamente fechado e identificado, contendo meio que mantenha o pH próximo da neutralidade (exemplo: líquido de Vallée – pH 7,2 a 7,4) e conservadas sob refrigeração.
Também é recomendada a colheita de duas amostras de soro sanguíneo para sorologia pareada, sendo a primeira amostra colhida com epitélio e a segunda amostra colhida do mesmo animal, de duas a três semanas após a primeira, na fase de convalescença.
Tratamento
Não existe tratamento para febre aftosa.
Ela normalmente cumpre seu curso de 2 a 3 semanas, quando a maioria dos animais se recupera naturalmente.
Entretanto, caso ocorra a confirmação do foco dessa doença, o fato deverá ser amplamente comunicado a toda a comunidade nacional e internacional, a movimentação de animais e pessoas das propriedades será controlada e medidas de biosseguridade serão intensificadas.
O mais breve possível, após a confirmação da enfermidade, os animais susceptíveis das áreas atingidas deverão ser avaliados para compensação ao produtor, sacrificados e suas carcaças devidamente destruídas ou destinadas a tratamento para inativação do vírus.
Um criterioso trabalho de vigilância sanitária se iniciará para eliminar as fontes de infecção e restabelecer a condição de área livre da doença. Quanto antes os animais infectados forem identificados, melhor será o controle, menores serão os danos aos rebanhos da região, e mais rápida será a recuperação da condição sanitária.
Prevenção e controle
• controle e vigilância da movimentação de animais nos portos, aeroportos e fronteiras;
• sacrifício sanitário de animais infectados, recuperados e de animais suscetíveis que entraram em contato com indivíduos infectados;
• desinfecção dos locais e de todo o material contaminado;
• destruição de produtos de animais suscetíveis;
• medidas de quarentena;
• vacinação periódica dos rebanhos bovinos e bubalinos, de acordo com o calendário oficial de cada região.
PNEFA
O PNEFA (Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa) foi implementado pela IN n°44 de 02 de outubro de 2007 do MAPA, e seu objetivo é erradicar febre aftosa no Brasil e manter esse status.
A execução do PNEFA é compartilhada entre os diferentes níveis de hierarquia do serviço veterinário oficial com participação do setor privado, cabendo a cada um as responsabilidades destacadas na figura 3.
Atualmente, de acordo com a OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) o Brasil mantém o status de zona livre de febre aftosa com vacinação; somente o estado de Santa Catarina é considerado uma zona livre de febre aftosa sem vacinação, como vemos na figura 4.
É importante salientar que em zonas livres de febre aftosa sem vacinação é proibida a aplicação, manutenção e comercialização da vacina contra essa doença.
De acordo com a legislação vigente, zona livre com ou sem vacinação, representa o espaço geográfico com certificação, pelo MAPA, do cumprimento das seguintes condições:
- ausência de ocorrência de focos e de circulação viral pelos prazos estabelecidos;
- existência de adequado sistema de vigilância sanitária animal;
- existência de marco legal compatível;
- presença de uma adequada estrutura do serviço veterinário oficial.
Fique atento!
Conforme a IN n°11 de 18 de janeiro de 2018 do MAPA, a redução da dose da vacina contra a febre aftosa valerá a partir de maio de 2019.
“A redução da dose da vacina contra a febre aftosa de 5ml para 2ml, mudança que passa a valer a partir de maio deste ano, ajudará a reduzir edemas e lesões no local da aplicação. Isto porque o volume menor facilita o procedimento. Outra vantagem é a menor incidência de reações. Com isso, haverá menos perdas econômicas e embargos à exportação. “A redução do volume da vacina e a retirada do adjuvante saponina têm um objetivo importante que é reduzir a formação de abscessos que resultam da reação vacinal. Essa medida é positiva para o produtor e para o setor como um todo, já que diminui prejuízos e complicações referentes à exportação de carne”, avalia o presidente da Associação dos Fiscais Estaduais Agropecuários do Rio Grande do Sul, Antônio Augusto Medeiros”. (Fonte: site agrolink, com adaptações)
Agora que já revisou o assunto, resolva algumas questões de provas anteriores para fixar o conhecimento e observar como as questões repetem sempre os mesmos detalhes sobre essa doença.
Bons estudos e até a próxima publicação!
Autoria da redatora do Ifope:
Larissa Iyomassa
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