Você já ouviu falar em hantavirose? Trata-se de uma doença bastante rara, que pode se manifestar como uma doença febril, aguda e inespecífica, ou de forma mais grave.

Por ser um tema de importância para a saúde pública, tanto de interesse geral, como de interesse específico para médicos e médicos veterinários, por exemplo, hoje vamos falar sobre a hantavirose.

E, se você, médico veterinário, pretende prestar concurso para sua área, o tema é ainda mais pertinente, pois é um assunto recorrente nas provas.

Continue lendo para saber mais!

O que é hantavirose?

A hantavirose é uma doença causada pela infecção do hantavírus, um gênero de vírus que possui vários subtipos, sendo todos capazes de causar a hantavirose. Trata-se de um vírus RNA, que pertence à família Bunyaviridae, gênero Hantavirus. A hantavirose é uma zoonose aguda que é transmitida por roedores.

Basicamente, existem três formas de manifestação (doenças) das hantaviroses:

  1. Febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR), causada por espécies da Ásia e da Europa, sendo mais comum nessas regiões;
  2. Síndrome cardiopulmonar por hantavírus (HPS), prevalente nas Américas, onde os casos têm sofrido aumento nos últimos anos, muitos deles, inclusive, letais;
  3. Febre hemorrágica viral por hantavírus (FHVH), com classificação ampla de doenças causadas por quatro famílias de vírus. Reúne várias pequenas endemias em todo o mundo.

Como ocorre a transmissão das hantaviroses?

O hantavírus se aloja no organismo de roedores, que podem carregar o vírus por toda a vida sem adoecer. Estes, transmitem o vírus para o ambiente através da urina, fezes e saliva. A forma de transmissão mais comum da hantavirose em humanos é por meio da inalação de aerossóis, que se formam a partir da urina, fezes e saliva dos roedores infectados. Dessa maneira, se o humano inalar esses odores, poderá contrair a doença. 

Além dessa, existem outras formas de transmissão, como:

  • transmissão percutânea, por meio de escoriações cutâneas ou através da mordida de ratos;
  • contato direto da pele com as substâncias contaminadas;
  • contato de mãos contaminadas com a mucosa (olhos, boca e nariz);
  • de pessoa para pessoa (relatada esporadicamente no Chile e na Argentina, sempre associada ao hantavírus Andes).

Não se sabe qual o período de transmissibilidade do hantavírus no homem, ou seja, qual o intervalo de tempo no qual o vírus é eliminado no ambiente. De acordo com alguns estudos, o período de maior viremia (presença de vírus no sangue) seria de alguns dias que antecedem o aparecimento dos sintomas. E o período no qual os primeiros sintomas começam a aparecer é a partir da infecção – em média, de uma a cinco semanas, variando de três a 60 dias.

Fatores ambientais

Existem vários fatores ambientais que podem causar o aumento de hantaviroses. Tais fatores estão ligados com o crescimento da população de roedores, que pode ser incentivado pelo desmatamento desordenado e pela expansão de cidades para áreas rurais, aumentando o contato entre humanos e ratos.

Grupos de risco 

Os grupos de risco para hantaviroses incluem:

  • moradores de áreas rurais, principalmente aqueles que realizam atividades agropecuárias e de reflorestamento;
  • pessoas que trabalham na limpeza de paióis, celeiros e galpões que armazenam alimentos e ração;
  • pessoas que fazem trilhas ou acampam em matas.

Quais os sintomas da hantavirose?

A hantavirose pode causar variados sintomas em sua fase inicial e cardiopulmonar. Entre os principais sintomas, destacam-se:

Fase inicial

  • febre;
  • dor de cabeça;
  • dor nas articulações;
  • dor lombar;
  • dor abdominal;
  • sintomas gastrointestinais.

Fase cardiopulmonar

  • febre;
  • dificuldade de respirar;
  • respiração acelerada;
  • aceleração dos batimentos cardíacos;
  • tosse seca;
  • pressão baixa.

Outros sintomas:

  • manchas pelo corpo;
  • sangramento da gengiva;
  • acúmulo de fluídos no pulmão;
  • insuficiência renal;
  • aumento da taxa de ureia no sangue;
  • diminuição de idas ao banheiro para fazer xixi ou na quantidade de urina expelida por vez.

ATENÇÃO: Durante a fase cardiopulmonar também pode surgir edema pulmonar não cardiogênico, com evolução para insuficiência respiratória aguda e choque circulatório.

Como é feito o diagnóstico?

Inicialmente, o diagnóstico da hantavirose é feito a partir das queixas e sintomas do paciente, além de levar em conta o local onde vive e trabalha ou para onde foi recentemente. 

Mas, para o diagnóstico correto, é necessário realizar exames laboratoriais específicos de hantavirose. Os exames ocorrem em laboratórios de referência e, basicamente, o diagnóstico é feito por meio da sorologia. O próprio Ministério da Saúde disponibiliza os kits para testes sorológicos. 

Os exames detectam anticorpos produzidos pelo organismo do doente contra o hantavírus, como o ELISA IgM e IgG, a imunofluorescência indireta, neutralização, hemaglutinação passiva, western-blot, PCR e coloração imuno-histoquímica. Entenda alguns dos principais testes:

  • ELISA-IgM: aproximadamente 95% dos pacientes que desenvolvem SCPH têm IgM detectável na amostra de soro coletada quando os sintomas se iniciam. Dessa forma, trata-se de um método bastante efetivo para fazer o diagnóstico da doença;
  • Imunohistoquímica: esse tipo de técnica identifica antígenos específicos para hantavírus em fragmentos de órgãos. Ela é utilizada para diagnósticos após óbitos, quando não foi possível fazer o diagnóstico sorológico antes;
  • RT-PCR: método de diagnóstico molecular, que identifica o vírus e seu genótipo. É considerado um exame complementar, com finalidade para pesquisas.

Após o início dos sintomas, assim que começar a suspeita do diagnóstico, deve-se fazer a coleta de amostra, pois os anticorpos da cl6asse IgM aparecem simultaneamente ao início dos sintomas e permanecem na circulação até, aproximadamente, 60 dias depois.

Quando não for possível definir o diagnóstico em amostra única, deve-se realizar uma nova coleta e uma segunda sorologia somente se o paciente tiver manifestações clínicas muito compatíveis à SCPH e a primeira amostra tiver sido coletada durante os primeiros dias da doença.

Diagnóstico diferencial

Caso seja necessário, são realizados exames para diagnóstico diferencial, já que alguns sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, como leptospirose, dengue, septicemia, virose respiratória, pneumonia atípica e febre hemorrágica de etiologia viral.

Como é feito o tratamento da hantavirose?

Não existe cura para a hantavirose. Mas, como se trata de uma condição que pode levar ao colapso do sistema cardiopulmonar e dos rins, é necessário fazer acompanhamento para eliminar os sintomas e estabilizar o paciente por mais tempo.

Também não existe um tratamento específico para as hantaviroses. Desse modo, cada caso é atendido de uma forma, por um médico, com medidas terapêuticas de suporte.

Levando em consideração que a hantavirose é uma doença aguda e de rápida evolução, é de notificação compulsória imediata. Dessa forma, ela deve ser notificada em até 24h às Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde e ao Ministério da Saúde por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS).

Por se tratar de uma doença que é transmitida por via respiratória, profissionais que possam ficar expostos à doença, como profissionais rurais e da saúde, devem se proteger com equipamentos de proteção individual (EPI’s), como

  • máscara pff;
  • óculos de proteção;
  • avental;
  • luva.

Além disso, todo profissional que, de alguma maneira, se expõe ao risco, deve receber orientações acerca das formas de transmissão das hantaviroses, os períodos de incubação, os sintomas e as alternativas de prevenção. Também, quando possível, deve-se determinar, de maneira prévia, o nível de risco de contaminação para cada atividade profissional.

Trabalhadores que apresentarem febre ou outro sintoma respiratório durante um intervalo de tempo de 60 dias após uma possível exposição/ situação de risco devem buscar assistência médica imediatamente.

Como fazer a prevenção?

Ainda não há vacina contra a hantavirose, e a prevenção está baseada em medidas que impeçam o contato do homem com roedores silvestres e suas excretas, especialmente em locais onde sua presença é mais frequente. Algumas dessas medidas, incluem:

  • seguir as práticas de higiene corretamente;
  • destinar lixos e entulhos de forma adequada;
  • roçar o terreno em volta da casa, mantendo a área limpa e livre de vegetação e entulhos que possam abrigar ratos;
  • manter os alimentos seguros, à prova de ratos;
  • lavar copos, pratos e talheres logo após utilizá-los;
  • manter as mãos limpas;
  • tomar os devidos cuidados quando for acampar e se expor às matas.

Recomendações

Além das formas de prevenção citadas acima, também é importante seguir algumas recomendações, como:

  • quando exposto ao sol, o hantavirus é inativado em poucas horas. Portanto, se for entrar em um local que ficou bastante tempo fechado, abra as janelas e portas para que entre ar e luz solar;
  • ao fazer a limpeza de locais onde roedores podem ter passado ou habitado, nunca espane ou varra, mas limpe com panos úmidos e desinfetantes.

Como o tema da hantavirose aparece em concursos públicos?

Por se tratar de um assunto pertinente à área de medicina veterinária, a hantavirose e seus subtemas aparecem com recorrência em concursos veterinários. Aproveitamos para mostrar um exemplo de como o tema apareceu na questão abaixo. Confira:

643000  IBFC – Médico (Divinópolis)/ Veterinário/ 2018

A hantavirose humana pode variar desde assintomática ou doença aguda febril inespecífica e autolimitada até suas formas clássicas, conhecidas como Febre Hemorrágica com Síndrome Renal (FHSR) e Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus (SCPH).

Assinale a alternativa correta com relação a hantavirose.

(A) É causada por vírus DNA pertencente à família Iridoviridae do gênero Hantavírus

(B) É causada por vírus DNA pertencente à família Bunyaviridae do gênero Hantavírus

(C) É causada por vírus RNA pertencente à família Bunyaviridae do gênero Hantavírus

(D) É causada por vírus RNA pertencente à família Rhabdoviridae do gênero Hantavírus

Resposta: C

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