Muito provavelmente, você já ouviu falar em leptospirose. Mas você sabe de onde vem essa doença e quais são os seus sintomas? A leptospirose é uma das muitas doenças transmitidas por roedores e se caracteriza como uma das zoonoses urbanas mais comuns. Ela é de alta relevância para profissionais veterinários, uma vez que sua ocorrência é muito comum e representa um grande problema de saúde pública. 

Neste texto, iremos falar mais a fundo sobre a leptospirose, como ela é transmitida, quais os seus sintomas e quais as medidas de prevenção adotadas pelo governo e pelas pessoas. Confira!

Entendendo uma zoonose

Antes de falarmos sobre o que é leptospirose, é importante entender o que são zoonoses urbanas e como elas se classificam. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as zoonoses são doenças transmitidas entre animais e humanos e podem ser causadas por bactérias, parasitas, fungos e vírus.

Hoje, existem mais de 200 doenças transmissíveis que se enquadram na definição de zoonoses proposta pela OMS. Por isso, foram criadas classificações para auxiliar no estudo dessas doenças. As principais são: 

  • Antropozoonose: doenças dos animais que podem ser transmitidas para as pessoas;
  • Zooantroponose: doenças das pessoas que podem ser transmitidas para os animais.

A leptospirose se encaixa na classificação de antropozoonose, pois, além de ser transmitida entre animais, pode ser transmitida dos animais para humanos. Mas, afinal, o que é leptospirose? 

O que é leptospirose? 

A leptospirose é uma doença causada pela bactéria do gênero Leptospira, a qual é eliminada em urina de animais, como ratos, cachorros, gatos, bois, porcos e cavalos, podendo contaminar diretamente os humanos ou permanecer viável em água e/ou alimentos. Em geral, a doença é mais prevalente em áreas com menores índices de desenvolvimento socioeconômico e saneamento básico precário, porém, acontece praticamente no mundo inteiro. Além disso, atinge pessoas de ambos os sexos e todas as idades. 

Como dissemos anteriormente, a leptospirose é uma das muitas doenças transmitidas por roedores e, no ambiente urbano, esses animais são os principais transmissores. Isso ocorre porque os ratos estão em grande quantidade nos centros das cidades, principalmente em áreas sem adequado índice de saneamento básico. Por esse motivo, podemos afirmar que a leptospirose é considerada uma das principais zoonoses urbanas de países em desenvolvimento como o Brasil.

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Contágio e transmissão da leptospirose

Segundo dados da OMS, cerca de quatro mil casos de leptospirose são confirmados por ano no Brasil, e, apesar da maioria dos casos ser leve, cerca de 10% evolui para óbito. O contágio e a transmissão da doença se dão pelo contato direto ou indireto com a urina de animais infectados ou pelo consumo de água e alimentos contaminados por Leptospira sp. 

O risco de infecção e ocorrências de surtos da leptospirose é maior em épocas de chuva, principalmente após enchentes e inundações. Isso porque nessas situações a urina dos animais infectados consegue se espalhar mais facilmente. Além disso, locais em que há muito acúmulo de lixo são também considerados de alto risco de contaminação.

Após o contato com a água ou urina contaminada, a bactéria penetra na pele e pode chegar até a corrente sanguínea. Essa penetração pode ocorrer por meio da pele com lesões ou até mesmo pela pele íntegra, devido à dilatação dos poros, em caso de exposição prolongada a água.

Quais os sintomas da leptospirose?

Essa enfermidade pode ser sintomática ou assintomática. Os sintomas iniciais da leptospirose em humanos são muito semelhantes aos de outras doenças, como a gripe e a dengue, por exemplo. Por esse motivo, a identificação precisa ser confirmada por meio de exames laboratoriais.

Os principais sintomas nos quadros mais leves da doença são febre alta, mal-estar, dor muscular (especialmente na panturrilha, cabeça e tórax), tosse, olhos avermelhados, dor abdominal, diminuição no volume de urina, cansaço, calafrios, náuseas, diarreia, desidratação e manchas vermelhas pelo corpo. 

Segundo a OMS, em cerca de 15% dos casos, quando a doença alcança um nível mais grave, pode ocorrer o aparecimento de icterícia (coloração amarelada da pele e das mucosas) por insuficiência hepática, manifestações hemorrágicas (equimoses, sangramentos em nariz, gengivas e pulmões) e comprometimento dos rins. Esse estágio é conhecido como Síndrome de Weil e pode levar o paciente a óbito.

Os primeiros sintomas da leptospirose aparecem de dois a 30 dias após a contaminação e, em geral, podem desaparecer após três ou quatro dias da manifestação. De qualquer maneira, é sugerido que em casos de exposição e contato com água contaminada, busque-se um profissional da área de saúde o quanto antes.

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Diagnóstico e tratamento da leptospirose

Por apresentar sintomas semelhantes aos da gripe, dengue, malária e hepatite, o diagnóstico diferencial para a confirmação da leptospirose é geralmente feito por sorologia, por meio de exames de sangue. A complexidade do exame vai depender do estágio precoce ou tardio em que a doença se encontra. Por isso, é necessário procurar atendimento médico já com a aparição dos primeiros sintomas.

Nas fases precoces, o tratamento indicado é a antibioticoterapia, a partir de princípios ativos como a doxiciclina. Já em casos mais graves, pode ser exigida a internação do paciente. 

Atualmente, no Brasil, não existe nenhuma vacina para seres humanos contra a leptospirose. Porém, já existe para animais, como cães, bovinos e suínos. Os animais de produção devem ser vacinados todos os anos para evitar o risco de contrair a doença e, consequentemente, as chances de transmiti-la aos humanos. Já em cães que habitam regiões com maior risco de enchente ou alta população de roedores devem ser revacinados a cada seis meses,

Medidas de prevenção: como evitar a leptospirose

Realizar obras de saneamento básico, principalmente galerias de esgoto e escoamento de água pluvial; não acumular lixo; evitar o contato com água de chuva em caso de enchentes e alagamento; desinfetar com água sanitária objetos e locais atingidos por enchentes, usando equipamentos de proteção durante a limpeza; vacinar os cães e controlar a população de roedores são as principais formas de prevenção para essas zoonoses urbanas.

O Ministério da Saúde, por intermédio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), elabora normas, coordena, assessora e supervisiona ações de vigilância e controle da doença, que são desenvolvidas em todo o país pelas secretarias estaduais e municipais da saúde. 

Para desenvolver este papel de forma efetiva, a SVS elabora e distribui material técnico e educativo e capacita profissionais de estados e municípios para executarem essas ações. 

Além disso, a SVS estuda os dados da doença registrados em todo o país e se mantém vigilante para a ocorrência de casos e surtos de leptospirose a todo momento.

Algumas recomendações que devem ser seguidas pela população são:

  • Observar as medidas básicas de higiene;
  • Embalar bem o lixo;
  • Ferver a água ou colocar algumas gotas de hipoclorito de sódio antes de beber ou cozinhar;
  • Lavar bem os alimentos, especialmente frutas e verduras que serão consumidas cruas;
  • Vacinar os animais de estimação e manter rigorosamente limpas as vasilhas em que são servidos alimentos e água;
  • Não deixar as caixas d’água destampadas;
  • Usar luvas e botas de borracha se trabalhar em ambientes que possam ser reservatórios da Leptospira sp.;
  • Não se automedicar caso suspeitar de infecção pela bactéria da leptospirose.

Se quiser mais detalhes, confira o manual completo da Leptospirose, diagnóstico e manejo clínico publicado pela Secretaria de Vigilância em Saúde com orientações oficiais sobre o assunto. 

Leptospirose canina

Como vimos anteriormente, a leptospirose afeta tanto seres humanos, quanto animais. O cão é um importante hospedeiro para a bactéria Leptospira sp. e, por possuir uma estreita relação com o homem, é crucial o diagnóstico e tratamento da doença nesta espécie. Afinal, além de prejudicar o animal, a doença também pode ser transmitida para seu tutor.

Embora a maioria dos cães tenha imunidade para combater essa enfermidade, casos graves podem agravar, em poucos dias, o quadro de saúde do animal de forma abrupta, podendo vir a ser fatais. Dependendo do tipo da leptospirose, a bactéria pode atingir diferentes órgãos do corpo do animal, como rins e fígado, por exemplo. Porém, em alguns casos, a manifestação da doença é tão leve que pode passar despercebida.

Transmissão da leptospirose canina

A transmissão nesses casos ocorre da mesma forma que em seres humanos. Por isso, quem mora em casas deve ter a atenção redobrada, pois, como vimos, essa é uma das doenças transmitidas por roedores e, assim como os cães, eles podem urinar nos quintais e outros locais da casa para marcar território. Além disso, o pote de ração pode ser tornar um grande problema nesse caso, pois o rato pode vir a marcar território diretamente na comida do pet.

Sintomas da leptospirose canina

Os principais sintomas relacionados à leptospirose em cães são: vômitos e diarreia, perda de apetite, febre, urina escura, úlceras bucais, cor amarelada nas mucosas dos olhos e da boca e debilitação geral do animal. Em casos mais graves, o cão pode ter hemorragia, que pode ser observada pelo sangramento das narinas. O diagnóstico é feito por um profissional veterinário, por meio do exame de sangue.

Prevenção e tratamento da leptospirose canina

A prevenção se dá por meio de vacinação e cuidados específicos, e o tratamento é realizado com antibióticos que inibem e eliminam Leptospira sp. Além disso, medicamentos de suporte com foco nos órgãos debilitados devem ser aplicados, assim como suplementos e uma dieta especial, levando em consideração que o trato gastrointestinal possa estar comprometido.

Na maioria dos casos, os cães contaminados devem ser internados e isolados de forma integral ou parcial, de acordo com o estado de avanço da doença no organismo. Para os cães, essa é uma doença muito grave que pode levar a óbito. 

Você sabia que a leptospirose também acomete bovinos? Saiba tudo sobre essa condição no nosso artigo sobre o assunto.

Conclusão

Agora que você aprendeu um pouco mais sobre a leptospirose, sua transmissão, os sintomas dessa doença, como é feita a prevenção e porque ela é definida como uma das principais zoonoses urbanas, conheça nosso outro material: zoonoses: o que são e quais as principais em áreas urbanas.

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