É muito provável que você já tenha ouvido falar na toxoplasmose. Em geral, quando se ouve falar nesse nome, logo vem à cabeça das pessoas o contágio feito por meio de gatos e o perigo que a doença representa para mulheres grávidas.
Mas você sabe realmente o que é toxoplasmose, como é sua transmissão, sintomas, tratamento e reais perigos? Se você quer ficar por dentro de todas as informações importantes acerca da toxoplasmose, continue lendo este texto.
O que é toxoplasmose
A toxoplasmose é uma doença que pode ser infecciosa, adquirida por meio do contato direto de parasitas com alguma superfície mucosa, ou congênita, quando passa de mãe para filho durante a gravidez, embora seja de caráter infeccioso na maioria dos casos.
O responsável por causar essa doença é o protozoário Toxoplasma gondii, um parasita comum em países tropicais com clima quente. Esse parasita intracelular é capaz de infectar desde animais, como roedores, pássaros, animais silvestres e mamíferos (bovinos, suínos, caprinos, ovinos), até seres humanos.
Em cerca de 90% dos casos dessa doença, os contaminados são assintomáticos. Por isso, há muitas pessoas infectadas que nem sequer se dão conta que estão portando o parasita. Nos demais casos, é comum que os sintomas de toxoplasmose se assemelhem muito aos da gripe, o que também dificulta que eles sejam percebidos.
Sinais e sintomas de toxoplasmose
Como já dissemos, a maioria dos indivíduos sequer apresenta sintomas de toxoplasmose. Isso acontece devido à boa atuação do sistema imunológico de grande parte da população, que é eficaz no combate ao protozoário.
Dessa forma, mesmo que nem todos sejam assintomáticos, as demais pessoas imunocompetentes, ou seja, que tem um bom sistema imunológico, costumam apresentar pequenos sintomas de gripe. São eles: febre, dores de cabeça e pelo corpo, cansaço e linfonodos inflamados de maneira leve.
Por outro lado, pessoas com baixo sistema imunológico podem ter uma forma mais severa da doença, apresentando sintomas de toxoplasmose que são mais típicos, como:
- Febre;
- Dor de cabeça;
- Dor de garganta;
- Manchas vermelhas no corpo;
- Aumento dos linfonodos;
- Confusão mental;
- Convulsões;
- Perda da coordenação motora;
- Aumento do fígado e do baço;
- Problemas de audição;
- Problemas na retina.
Vale ressaltar que, uma vez que uma pessoa está contaminada, o parasita permanece em seu organismo em estado de latência e fica passível de ser reativado caso o corpo passe por algum período de imunossupressão, ou seja, de baixa atividade ou eficiência do sistema imunológico.
Além do que já foi mencionado, a toxoplasmose pode ainda infectar outros órgãos do corpo, sendo necessário tratá-la assim que o diagnóstico é feito.
A toxoplasmose pode ser dividida em diferentes tipos, variando conforme os sintomas apresentados. A toxoplasmose na pessoa imunodeprimida, um dos tipos mais graves, é a que apresenta um maior número de sintomas, como os já descritos. Já a toxoplasmose ocular afeta principalmente os olhos do paciente, e a toxoplasmose neonatal é aquela em que o bebê é infectado no contexto intrauterino.
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A transmissão da toxoplasmose
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que a toxoplasmose não é contagiosa, portanto, quem a possui não pode passar diretamente para outra pessoa. Contudo, existe a toxoplasmose na gravidez, situação na qual a doença passa de mãe para filho durante o período de gestação. Mas, de maneira geral, a transmissão da toxoplasmose ocorre por via oral, nos seguintes casos:
- Ingestão de água que esteja contaminada pelo parasita causador de doença;
- Ingestão de carne crua ou mal passada com cistos de doença (principalmente carne de porco ou de cordeiro);
- Ingestão de alimentos mal cozidos em geral, ou mal lavados contaminados com ovócitos do Toxoplasma gondii;
- Contato direto com fezes de felinos contaminados.
A toxoplasmose e os gatos
Durante muitos anos, acreditou-se que os gatos eram os principais culpados pela transmissão da toxoplasmose. Isso acontecia porque o gato e outros felídeos são os únicos hospedeiros definitivos do Toxoplasma gondii. Ou seja, o ciclo reprodutivo do parasita se completa nas células da mucosa intestinal desses animais, e eles, por sua vez, eliminam ovos em suas fezes.
Porém, nem todos os gatos são hospedeiros desse parasita. Na realidade, somente 1% desses animais têm a doença e costumam transmiti-la apenas uma vez durante sua vida.
Além disso, a transmissão da toxoplasmose não acontece através do contato direto com o gato em si, mas sim pelo contato com as fezes desses felinos que estejam passando pela fase aguda da infecção.
Como os gatos contraem o parasita quando se alimentam de outros animais infectados, como ratos e pássaros, é interessante manter seu gato doméstico sempre dentro de casa e não alimentá-lo com carne crua. Além disso, é importante evitar contato direto com as fezes do animal e se atentar para uma boa higiene, especialmente durante a gravidez.
Toxoplasmose na gravidez
Como falamos acima, apesar de a doença ser transmitida de maneira infecciosa na maioria das vezes, ela também pode ser congênita: transmissão do parasita da mãe para o feto por meio da placenta.
Essa é a fonte da maioria das preocupações relacionadas à doença, uma vez que a toxoplasmose congênita é uma forma potencialmente grave dessa enfermidade.
Para que essa transmissão ocorra, a mãe precisa adquirir a infecção durante sua gestação. Nesse caso, cerca de 40% dos recém-natos são acometidos. A probabilidade varia conforme o período de gestação em que a mulher se encontra: o risco de transmissão aumenta conforme o tempo de gravidez passa, contudo, as lesões causadas no feto que ainda está no interior do útero tendem a ser menos agressivas quando o tempo de gestação é maior. Entenda:
Primeiro trimestre de gravidez
Durante esse período, o risco de transmissão é menor, acontecendo apenas em 20% dos casos. Contudo, as consequências para o bebê podem ser mais graves: há maior probabilidade de abortos espontâneos e de danos mais graves, como as encefalite e lesões oculares na retina, que têm o potencial de causar sérios prejuízos para a visão.
Segundo trimestre de gravidez
A probabilidade de transmissão neste período é maior do que no ano anterior, acontecendo em 1/3 das gestações. Embora os riscos já sejam menores, o bebê pode, além de apresentar problemas oculares, desenvolver um pequeno retardo mental.
Terceiro trimestre de gravidez
Este período é o de maior probabilidade de transmissão, mas é o que apresenta menos danos agressivos à criança. Boa parte dos recém-nascidos que são infectados durante essa parte da gestação é assintomática.
Apesar disso, sem o diagnóstico e tratamento adequado, muitos podem desenvolver sequelas graves que podem acarretar em complicações neurológicas, cerebrais, auditivas, visuais, renais, hepáticas e, até mesmo, provocar retardo mental.
Existe tratamento para a toxoplasmose congênita?
A primeira medida quando se tem o diagnóstico de toxoplasmose na gravidez é evitar a transmissão de mãe para filho. Para isso, a gestante deve fazer uso de antibiótico. É importante também descobrir se o feto foi ou não infectado pelo parasita. Caso não tenha sido infectado, a mãe deve continuar tomando o medicamento até o fim da gravidez. Caso contrário, a mãe precisará tomar outros medicamentos mais fortes, que podem ser danosos para o bebê.
Toxoplasmose em imunocomprometidos
Pessoas imunocomprometidas, geralmente com HIV sem controle adequado (AIDS) ou que foram transplantadas, têm o sistema imunológico comprometido. Em seu caso, a toxoplasmose é especialmente perigosa, podendo ser considerada uma infecção oportunista.
Com as baixas defesas do organismo, existe a possibilidade de ser desenvolvida a doença em seu sistema nervoso, causando a neurotoxoplasmose. Como consequência, podem ocorrer febre, vômitos, confusão, cefaleia, convulsão, perda de força e perda da sensibilidade. A evolução é rápida, podendo levar a pessoa ao coma. Em algumas situações, também podem ocorrer focos de necrose no cérebro.
A neurotoxoplasmose pode deixar sequelas visuais e motoras, mas, se tratadas, a qualidade de vida do paciente melhora exponencialmente.
Como prevenir a toxoplasmose
A prevenção deve ser feita com foco de evitar as principais maneiras de transmissão, de forma que inclui:
- Não ingerir carne crua ou mal cozida, principalmente de porco ou cordeiro. Para ser cozida completamente, a carne deve chegar a uma temperatura de 74 a 77 °C;
- Lavar muito bem alimentos como vegetais e frutas;
- Lavar bem as mãos e com frequência, principalmente antes de manusear alimentos;
- Lavar muito bem cada utensílio de cozinha, principalmente antes de utilizar;
- Não tomar água imprópria, escolhendo sempre água mineral ou filtrada,
- Evitar contato direto com fezes de gatos ou de outros felinos;
- No caso de mulheres grávidas deve-se evitar o contato com gatos, especialmente os desconhecidos. Caso não seja possível, ou o gato seja um pet que vive na mesma casa, evite limpar a caixa de areia do gato e, caso for fazê-lo, use luvas e depois lave muito bem as mãos e o punho. Além disso, nunca descuide do acompanhamento pré-natal.
Tratamento da toxoplasmose
A maior parte das pessoas infectadas tem um sistema imunológico saudável e não apresenta sintomas, de forma que essa infecção não requer tratamento. Já as pessoas com sintomas podem ser tratadas com pirimetamina, sulfadiazina e leucovorina.
Pessoas imunocomprometidas recebem os mesmos medicamentos, porém, são tratadas durante um maior período de tempo, além de os medicamentos serem mantidos até o fortalecimento de suas defesas. A toxoplasmose tende a retornar em pessoas com AIDS, por isso os medicamentos para controlar a toxoplasmose são mantidos por tempo indefinido, a não ser que o sistema imunológico se fortaleça e os sintomas desapareçam.
Quem tem toxoplasmose ocular pode receber pirimetamina associada à sulfadiazina (ou clindamicina) e leucovorina. Geralmente, também se administra prednisona ou outro corticosteróide para reduzir a inflamação.
No caso das gestantes que contraem toxoplasmose, é preciso que seja consultado um médico especializado em toxoplasmose na gravidez. A escolha de medicamentos vai depender do período da gestação e da contaminação ou não do feto.
Os recém-nascidos infectados na gestação recebem, geralmente, pirimetamina, sulfadiazina e leucovorina durante todo um ano após seu nascimento.
Conclusão
Agora que você já sabe o básico sobre toxoplasmose, o que acha de ampliar seus conhecimentos? Abaixo, separamos um vídeo com uma aula completa sobre toxoplasmose, contendo as principais maneiras de manifestação da doença, além de casos reais de surtos no Brasil. Ao final da videoaula você também poderá testar seus conhecimentos por meio de um questionário com questões retiradas de concursos e ainda conferir as respostas junto às explicações dadas pela professora.
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