Esse texto é para você que trabalha ou pretende trabalhar no setor leiteiro e quer ficar atento a todas as novidades. Entenda o objetivo da criação do Valor de referência do Leite, se mantenha atualizado e compreenda todas as transformações que o setor vem passando.

O leite em Minas Gerais

Minas Gerais se destaca como o maior produtor de leite no Brasil, sendo responsável por 30% da produção.

O estado produz em média 9 bilhões de litros de leite ao ano, gerando R$ 11,8 bilhões de reais (20% do Valor Bruto da pecuária no estado).

A pecuária leiteira está presente em todos os 853 municípios mineiros, sendo que 61 deles estão dentro dos 200 maiores produtores em volume no país, liderando o ranking.

Diante disso, é essencial conhecer a atuação da cadeia produtiva do leite na geração de renda e empregos, são mais de 300 mil produtores de leite, e um milhão de empregos diretos, em diferentes perfis e sistemas produtivos.

Conseleite 

A criação do Conseleite e do primeiro valor referência para o leite é um marco na história de Minas Gerais.

Em dezembro de 2018 ocorreu a criação do Conseleite – MG (Conselho Paritário entre Produtores de Leite e Indústrias de Laticínios).

Indústria e produtores vão se revezar no comando da entidade. Neste primeiro ano ela será presidida pelo presidente da FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), Roberto Simões. No mandato seguinte (em 2020) será a vez do presidente do Silemg (Sindicato da Indústria de Laticínio do Estado de Minas Gerais).

Através dos esforços do Conseleite, no dia 15 de maio de 2019 foi divulgado o primeiro valor de referência para o leite no estado.

O valor de referência servirá de parâmetro para as negociações de preços entre produtores e indústrias e será atualizado mensalmente.

A expectativa é de que ocorra uma melhoria e maior valorização do leite, uma vez que a quantia recebida por esse produto poder ser ampliada em até 26% caso a qualidade do produto supere a média das características exigidas, que são:

  • 3,30% de gordura;
  • 3,10% de proteína;
  • 400 mil células somáticas por ml;
  • 100 mil ufc/ml;
  • produção individual diária de até 160 litros/dia.

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O valor de referência do leite

Para criar o valor de referência do leite padrão, foram realizados estudos detalhados no estado durante 22 meses. Após esse período foi possível obter o primeiro preço de referência: o litro do leite padrão entregue em abril – (a ser pago em maio) foi calculado em R$ 1,2774 e a projeção para entregas feitas em maio (a serem pagas em junho) é de R$ 1,3061.

De acordo com Roberto Simões, presidente do SISTEMA FAEMG, o leite padrão terá seu valor divulgado mês a mês, o qual será avaliado através das projeções de mercado dos últimos 15 dias do mês anterior e 15 dias do mês em vigência, revelando as tendências do setor.

O cotejamento do preço de referência será obtido com base em informações de:

  • comercialização;
  • faturamento;
  • volume de vendas;
  • cálculos do custo de produção do leite e sistemas de criação;
  • e na transformação do produto, repassadas pelos produtores e pela indústria.

A alimentação desses dados de produção será através do site www.conseleitemg.org.br, no qual o produtor deverá inserir suas informações produtivas (volume médio diário e análise da qualidade do leite) para que o sistema calcule seu valor de referência personalizado, mês a mês. 

Repercussões para o produtor de leite 

Além de promover um estreitamento de laços da indústria com o setor primário, a criação do valor de referência para o leite padrão proporciona uma relação mais harmônica entre eles, uma vez que os custos de produção dos pecuaristas e os custos de transformação da indústria estarão abertos promovendo uma maior transparência entre os elos produtivos. 

O estabelecimento desse valor de referência do leite, mesmo que seja um preço médio, é considerado fundamental para a sobrevivência da cadeia produtiva uma vez que possibilita um melhor planejamento dos produtores de leite e posicionamento da indústria.

O produtor tem melhores condições de negociar as entregas do leite, elevando a confiança para investir no seu negócio. Além de ser um estímulo a melhoria da qualidade do leite dos produtores de Minas Gerais.

A implantação desse sistema pode permitir ganhos para a indústria que pode se beneficiar com o recebimento de matéria-prima de qualidade superior, o que permite ganhos potenciais de rendimento de fabricação, aumento da vida de prateleira, melhoria de imagem frente ao consumidor e maior capacidade de competitividade.

O presidente da CCPR Itambé, Marcelo Candiotto, afirmou que a formação do valor de referência vai fortalecer o setor.

O presidente da SILEMG (Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais) disse em entrevista que:

“a indústria vê essa iniciativa com bons olhos, pois há critérios e consenso para o estabelecimento de um valor referência. É preciso que os produtores compreendam que não é um preço absoluto a ser pago, mas é uma base que está dentro da compatibilidade dos preços praticados hoje no estado”.

Impactos no mercado

Com o surgimento do valor de referência para o leite padrão, a expectativa é que o valor pago ao produtor seja maior, consequentemente o valor do leite repassado ao consumidor final também deverá sofrer reajustes.

Apesar disso, o consumidor terá uma maior garantia do produto que consome, uma vez que esse novo estilo de negociação estimula o produtor a garantir uma melhor qualidade do leite, tanto em questões sanitárias, quanto nutritivas.

E como bem sabemos, o mercado ano a ano tem se mostrado cada vez mais exigente, cobrando da indústria produtos de excelência, demonstrando que nessa nova fase do setor leiteiro em Minas Gerais, todos os envolvidos só têm a ganhar. 

Fique ligado! A cadeia produtiva do leite é muito forte em Minas Gerais e se você quer se destacar no setor é importante conhecer as tendências, mudanças e inovações no mercado.

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Autoria da redatora do Ifope:
Stéphanie Ingrid Ferreira