A agricultura orgânica é uma prática que tem ganhado diversos seguidores nos últimos anos. A mudança de mentalidade da população, que cada vez mais busca uma alimentação saudável e sem produtos altamente tóxicos, tem feito com que muitos produtores mudem sua maneira de produzir alimentos.
Esse é um dos temas mais abordados atualmente no mundo do agronegócio, especialmente quando o assunto é produção de alimentos. Por esse motivo, é importante entender mais sobre o processo de agricultura orgânica, saber quais são as principais diferenças entre a agricultura orgânica e a convencional, além das vantagens e desvantagens da agricultura orgânica.
Continue lendo para saber mais!
O que é agricultura orgânica?
A agricultura orgânica é um sistema de produção que tem como objetivo preservar a saúde do meio ambiente, a biodiversidade, os ciclos e as atividades biológicas do solo. Podemos nos referir à agricultura orgânica como um processo de produção altamente comprometido com culturas naturais e produção de alimentos orgânicos, o qual tem o intuito de garantir a saúde do consumidor final. Esse tipo de cadeia de produção foca na qualidade dos produtos, assegurando, assim, o abastecimento de alimentos saudáveis e mais saborosos.
Mas, antes de falar um pouco mais sobre a definição em si, vamos voltar no tempo e tratar sobre a origem desse termo.
Histórico
A definição de agricultura orgânica nasceu entre 1925 e 1930, com o inglês Albert Howard, que alertava sobre a importância da utilização da matéria orgânica e preservação dos solos. Ele estudou vários métodos de adubação orgânica e verificou os benefícios desse tipo de agricultura, tanto para o ser humano, como para a natureza.
A partir de 1970, ocorreu uma explosão dessa forma de plantio nos Estados Unidos. No Brasil, esse tipo de agricultura começou a surgir na década de 1980 e, nos últimos anos, com o crescimento da preocupação pela qualidade de vida atrelada aos alimentos e à preservação da natureza, os brasileiros aderiram a essa técnica.
Definição
A agricultura orgânica é um modelo de produção caracterizado por não utilizar fertilizantes sintéticos, agrotóxicos, sementes modificadas, reguladores de crescimento animal e intensa mecanização das atividades, visando reduzir os impactos ambientais, além de cultivar produtos alimentícios mais saudáveis.
Os decorrentes problemas sociais e ambientais que têm surgido graças ao atual modelo de produção agrícola (esgotamento dos solos, poluição das águas subterrâneas e superficiais, desemprego dos trabalhadores rurais em consequência da mecanização do campo etc), além dos alimentos com altas concentrações de agrotóxicos e a pouca descrição com relação aos alimentos geneticamente modificados, têm motivado a consciência de uma considerável parcela da população. Em busca de um modelo agrícola que reduza os impactos ambientais e impulsione a produção de alimentos mais saudáveis, essas pessoas aderem ao processo de agricultura orgânica.
O Art. 1o, da Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003, “Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente”.
Características
Esse segmento orgânico é um ramo agrícola que tem como foco a sustentabilidade econômica e ambiental. Sua prática é baseada no uso de estercos animais, adubação verde, controle biológico de pragas e doenças, rotação de culturas, emprego de energias renováveis e eliminação do uso de organismos geneticamente modificados em qualquer parte do processo de produção. Dessa forma, foca na busca da harmonia com o meio ambiente e a produção de alimentos saudáveis.
Além disso, o processo de agricultura orgânica tem ganhado força a cada ano, uma vez que os benefícios proporcionados têm vindo ao encontro de conceitos ideológicos de diversos consumidores, tanto dos países desenvolvidos quanto dos subdesenvolvidos.
Ainda assim, os produtos desse modelo agrícola têm um valor agregado maior, fazendo com que o valor repassado ao consumidor seja mais caro. Dessa maneira, os produtos orgânicos ainda não são acessíveis para a maior parte da população.
Outro dado preocupante é que alguns produtos orgânicos não são percebidos somente pelo olhar, ou seja, pode acontecer de haver produtos não orgânicos entre eles.
Precificação
Como dissemos acima, o alimento orgânico tem um preço mais elevado em relação ao alimento convencional. Vamos elencar alguns motivos abaixo:
- devido ao fato de não ser utilizado herbicidas, é exigido maior utilização de mão-de-obra para controlar o mato;
- a produção da agricultura convencional é muito maior do que a orgânica, uma vez que são utilizados adubos químicos que forçam uma maior produtividade da terra;
- o comércio em larga escala e a alta competitividade do mercado fazem com que ocorra a redução de preços e, consequentemente, o valor pago ao produtor fica abaixo do custo. Portanto, há um preço ilusório em cima dos produtos convencionais;
- o consumo desses produtos ainda é baixo. À medida que mais pessoas começarem a se alimentar à base de orgânicos, consequentemente haverá um aumento na área produzida e, assim, os custos serão menores.
Qual a diferença entre o alimento orgânico e o alimento convencional?
Tanto os alimentos orgânicos quanto os alimentos convencionais precisam entrar em conformidade com os parâmetros de segurança e qualidade. A principal diferença entre os dois tipos de alimento, portanto, está na forma de plantio, o que, consequentemente, também traz a diferença na presença de substâncias tóxicas vindas de agrotóxicos e fertilizantes.
Os alimentos orgânicos devem estar de acordo com a Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Todos os alimentos que são comercializados em grande escala precisam ser analisados pelos mecanismos de avaliação da qualidade orgânica e, assim, receberem o selo de qualidade.
Quais as principais diferenças entre agricultura convencional e agricultura orgânica?
Em primeiro lugar, você precisa saber que a principal diferença entre o cultivo orgânico e o convencional está no uso de agrotóxicos, fertilizantes e pesticidas para o melhoramento do processo de produção agrícola. Além disso, um ato que difere os cultivos é a prática das monoculturas, em que o agricultor realiza o plantio de uma determinada espécie, fazendo com que o solo tenha dificuldade de se recuperar e realizar sua manutenção.
Características da agricultura convencional
Nesse sentido, a agricultura convencional, por estar baseada em mecanismos e tecnologias artificiais para a proteção da lavoura, é considerada extremamente agressiva tanto ao meio ambiente quanto à saúde humana.
Dentre as principais consequências ao meio ambiente causadas pelo uso indiscriminado de fertilizantes e agrotóxicos, temos: desmatamento, contaminação e degradação do solo e de corpos hídricos no entorno das plantações e poluição de reservas subterrâneas de água, conhecidas como lençóis freáticos. Já em relação à utilização indiscriminada dos fertilizantes nitrogenados, temos o impacto do óxido nitroso sobre o desequilíbrio do efeito estufa (uma de nossas contribuições relativamente mais contundentes no processo de mudanças climáticas em curso no planeta), dentre outros riscos ao meio ambiente.
Além disso, há pesquisas relatando que o uso de agrotóxicos aplicados na agricultura convencional são maléficos ao organismo humano. Os resíduos tóxicos podem se manter nos alimentos, fazendo mal à saúde e aumentando os riscos de doenças respiratórias em crianças com até um ano. No que diz respeito à saúde humana, os estudos asseguram os danos relacionados à ingestão de alimentos contaminados por uma alta porção de agrotóxicos, o que pode acarretar em disfunções hormonais, má formação do feto, contaminação de leite materno e dificuldades no desenvolvimento das capacidades cognitivas, além da possibilidade de serem substâncias carcinogênicas.
Características da agricultura orgânica
Para esse problema, uma das soluções encontradas foi a agricultura orgânica, que, como dissemos anteriormente, não utiliza agrotóxicos e pesticidas na sua produção, se adequa às especificações do local e utiliza tecnologias naturais para a manutenção do plantio. Em vez de agrotóxicos, são utilizados controles biológicos, como predadores para as pragas comuns na lavoura, assim como adubos e fertilizantes naturais e orgânicos, além de fazer a rotação das espécies a serem plantadas.
Para compreender mais facilmente a diferença entre os dois métodos produtivos, veja a tabela abaixo:
Agricultura Convencional | Agricultura Orgânica | |
Controle de pragas e doenças | Uso de produtos químicos (pesticidas, inseticidas e fungicidas) | Baseada em medidas preventivas e produtos naturais |
Controle de ervas | O mato é considerado uma erva daninha. Uso de controle químico com herbicidas – na maioria dos casos | O mato é considerado um amigo da plantação. O controle é preventivo, manual e mecânico |
Preparação do solo | Aração e gradagem do solo em grandes extensões de forma intensiva | Solo tratado como um organismo vivo |
Adubação | Uso de adubos químicos em larga escala | Uso de adubos orgânicos |
Sintomas ao meio ambiente | Poluição das águas e degradação do solo | Preservação do solo e das fontes de água |
No caso de alimentos de origem animal, estes estão contaminados pela ação dos perigosos coquetéis de antibióticos, hormônios e outros medicamentos que são introduzidos na pecuária convencional. Na pecuária orgânica, a refeição dos animais é o mais natural possível, evitando-se o uso de rações. Também, é cortado o uso de aditivos sinteticamente compostos, hormônios, além de outros produtos veterinários nocivos.
Quais as medidas utilizadas na agricultura orgânica?
Vamos listar abaixo quais são as ações mais corriqueiras na agricultura orgânica e que são de suma importância. Veja:
- utilização da técnica da minhocultura, que visa ter uma maior nutrição e enriquecimento do solo, além de sua porosidade;
- adubação verde – técnica de enriquecimento do solo pelo uso de leguminosas sobre a superfície, no qual elas entram em decomposição e possibilitam o fornecimento de compostos naturais que auxiliam na fertilidade, principalmente o nitrogênio;
- adubação orgânica – a utilização de materiais como esterco de origem animal e outros;
- o emprego de chorume e estercos líquidos curtidos, desde que não tenham passado por tratamento químico;
- uso racional e inteligente de água;
- utilização de rochas e minerais moídos para se ter maior enriquecimento de nutrientes ou, até mesmo, para a correção da acidez dos solos.
Quais as vantagens e desvantagens da agricultura orgânica?
Nesse momento, é bem provável que você esteja se perguntando quais são as vantagens e desvantagens da agricultura orgânica. Por isso, listamos abaixo as principais vantagens e desvantagens. Confira.
Vantagens
- conservação dos recursos naturais;
- fabricação de alimentos saudáveis e de elevada qualidade;
- manutenção da biodiversidade;
- utilização de compostagem, minhocultura e afins;
- baixo impacto ambiental, favorecendo a sustentabilidade;
- rotatividade de culturas;
- solo rico em nutrientes e, consequentemente, mais saudável;
- uso de energias renováveis.
Desvantagens
- demora (resultado a longo prazo);
- produção reduzida, em relação à convencional;
- produtos com maior valor repassado;
- também há impacto ambiental com o uso de pesticidas e de agrotóxicos de origem orgânica.
E a agricultura familiar?
Nos anos 1970, tivemos os primeiros movimentos que deram surgimento à agricultura orgânica. Comunidades se posicionaram em oposição ao projeto de modernização da agricultura tradicional impulsionado por meio das políticas públicas do governo. Tal movimento recebeu o nome de Revolução Verde.
Essas revoluções tinham o intuito de proporcionar transformações significativas no processo tradicional de cultivo, visando o impacto que causavam à saúde da população e ao meio ambiente.
Desse modo, a Agricultura Familiar nasceu no contexto do Brasil no começo dos anos 1990, com o intuito de responder aos assentados, pequenos produtores, arrendatários e trabalhadores rurais que faziam parte dos movimentos sociais rurais. Sendo assim, a agricultura familiar é a base da economia de muitas comunidades.
Relação com a agricultura orgânica
Essa agricultura é caracterizada por meio do manejo de técnicas manuais de produção que são acessíveis e compatíveis com a realidade local da comunidade, garantindo, assim, a integridade cultural das populações rurais. Desse modo, por apresentar um método muito parecido, esse sistema de produção familiar se conectou intimamente à agricultura orgânica.
Ainda nessa frente, o crescimento da agricultura orgânica no modelo familiar representa a base da economia de 90% dos municípios do Brasil, sendo responsável pela renda de 40% da população economicamente ativa do país. Assim, a agricultura familiar do Brasil tornou-se a 8ª maior na produção de alimentos no mundo, garantindo destaque no agronegócio mundial.
Qual o cenário da agricultura orgânica no Brasil?
O Brasil vem se consolidando como um grande produtor de alimentos orgânicos. O número cresce cada dia mais, e já são, aproximadamente, 17 mil propriedades certificadas em todas as unidades da federação. Grande parte da produção é originada de pequenos produtores.
A Região Sul vem à frente, com mais de 6 mil produtores, seguida das regiões Sudeste e Nordeste, com cerca de 4 mil produtores. Os estados que se sobressaem em número de produtores são: Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Pará, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Ceará e Bahia.
Legislação
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae (2018) mostrou que 63% são produtores exclusivos de orgânicos, e 25% trabalham essencialmente com produtos orgânicos. Há uma estimativa de que cerca de 1 milhão de hectares sejam produzidos de forma orgânica no Brasil. Os principais produtos são: frutas, hortaliças, raízes, tubérculos, grãos e produtos agroindustrializados.
No que se refere à legislação no Brasil, as atividades pertinentes ao desenvolvimento da agricultura orgânica foram aprovadas pela Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Entretanto, sua regulamentação ocorreu em 27 de dezembro de 2007, com a publicação do Decreto Nº 6.323.
Logo, vemos que a agricultura orgânica ainda tem muito o que ser aperfeiçoada quando falamos em ganho de produtividade. No entanto, é o método produtivo que mais se preocupa com o meio ambiente e com a saúde dos seres humanos. Sendo assim, é bastante substancial para o futuro do planeta.
E você, o que acha da agricultura orgânica? Conte para nós sobre a sua experiência nos comentários abaixo e aproveite para compartilhar este artigo com seus amigos!
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E por falar em questões, veja um exemplo de como o tema de agricultura orgânica apareceu em uma questão de concurso no passado.
Concurso Engenheiro Agrônomo 2019, Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos (FEPESE), Nível Superior
Analise as afirmativas abaixo sobre produção na agricultura orgânica.
1. Um dos biofertilizantes utilizados, conhecido pela denominação de super magro, é uma mistura de materiais orgânicos, minerais, esterco e água, podendo ser aplicado na adubação foliar. É considerado um biofertilizante proteico e serve para melhorar a saúde e o crescimento das plantas.
2. A calda bordalesa é um fungicida eficiente contra várias doenças de hortas e pomares, e resulta da mistura de sulfato de magnésio com cal virgem, diluídos em água. É recomendado na agricultura orgânica por ser o sulfato de magnésio um produto pouco tóxico para as plantas.
3. A calda sulfocálcica é um dos mais antigos biofertilizantes utilizados na agricultura orgânica, rica em cálcio, e contribui para o equilíbrio nutricional das plantas agrícolas.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
A. É correta apenas a afirmativa 1.
B. É correta apenas a afirmativa 2.
C. É correta apenas a afirmativa 3.
D. São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
E. São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
Resposta: A
A agricultura orgânica, eu acho de extrema importância, pois a alimentação saudável é a maior responsável pela nossa saúde.
a agricultura orgânica trás grandes benefícios tanto para os seres humanos, como para o meio ambiente, assim mantendo um equilíbrio na biodiversidade.