As ervas daninhas, definitivamente, são plantas de conhecimento de qualquer um que esteja envolvido na produção agrícola. Afinal, elas interferem negativamente nas culturas causando grande incômodo. 

Desde muito tempo atrás, as ervas daninhas são um dos grandes obstáculos para a prosperidade das plantações. Seu impacto é tão grande que, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o problema pode acarretar em estragos que vão desde a queda na qualidade dos produtos até perdas substanciais na colheita. Estima-se que os déficits ocasionados pelas ervas daninhas possam chegar a uma média de 13% a 15% da produção de grãos, o que significa uma perda substancial da produção.

Por ser um agente causador de tantos problemas dentro do setor agrícola, é muito importante que se saiba o que são essas plantas, para que serve a planta daninha e como identificar as ervas daninhas. Para saber tudo isso e muito mais, continue lendo este artigo!

O que são as ervas daninhas?

Erva daninha é o termo utilizado para descrever uma planta que nasce espontaneamente em local e momento indesejados, podendo interferir negativamente na agricultura. Essa interferência se dá pelo fato de elas competirem por água, luz e nutrientes com as plantas cultivadas.

Os problemas causados por essas plantas não param por aí, uma vez que elas são hospedeiras de pragas, doenças e animais que prejudicam o crescimento da lavoura. Além disso, as ervas daninhas são resistentes e possuem um potencial atípico para se desenvolverem nos mais diferentes lugares, estando presentes tanto em locais secos quanto em úmidos, por exemplo.

Seu poder de resiliência é tão forte que essas plantas são consideradas plantas pioneiras, ou seja, quando um habitat natural é alterado por algum motivo, elas são as primeiras a germinar, iniciando um novo ciclo para a recolonização desse habitat.

Toda essa competitividade e atração de pragas para a cultura aumenta expressivamente os custos dentro da produção, o que pode gerar impactos na economia regional por provocar a redução da quantidade de produto disponível e, consequentemente, o aumento dos preços. 

Quais são os principais tipos de ervas daninhas?

As espécies de ervas daninhas variam de acordo com as características climáticas e do solo do local onde está situada a propriedade agrícola. Além disso, existem espécies mais ou menos agressivas e com potencial mais ou menos destrutivo. 

No Brasil, as principais espécies de erva daninha são:

Características: Planta anual ou perene, dependendo das condições, herbácea, prostrada ou ascendente, de 0,5 a 1,2 m de comprimento, nativa do Brasil (Lorenzi, 2000).

Caruru (Amaranthus viridis)

É uma planta que se propaga na forma de sementes e se desenvolve bem da primavera ao outono na região meridional do Brasil. Afeta principalmente lavouras perenes, como cafezais, pomares e canaviais, mas pode ser encontrada também em terrenos baldios e lavouras anuais. O caruru necessita de solos de boa fertilidade e em condições de sombreamento.

Tiririca (Cyperus haspan)

Possui uma inflorescência avermelhada ou vermelho-acastanhada, propagando-se, principalmente, por tubérculos. Cresce lentamente em épocas de baixa temperatura, mas pode ser encontrada em quase todos os tipos de solos, climas e culturas no Brasil, exceto em lavouras de arroz inundado.

A tiririca é uma planta que possui capacidade competitiva, além de exercer um efeito inibidor (alelopático) sobre algumas culturas, como a cana-de-açúcar, causando bastante prejuízo ao produtor. 

Apaga fogo (Alternanthera ficoidea)

Essa é uma planta daninha que tem ganhado cada vez mais importância dentro da agricultura brasileira, especialmente na região central, uma vez que tem ocorrido um aumento recente de sua infestação. Afeta principalmente as culturas de soja, cana-de-açúcar, milho, arroz, arroz irrigado e algodão.

Buva (Conyza spp.)

No Brasil, está principalmente presente por meio das espécies Conyza bonariensis e Conyza canadensis, sendo elas anuais, herbáceas, de caules densamente folhosos. Sua importância se dá pelo fato de que alguns biótipos de buva foram cientificamente confirmados como resistentes ao herbicida Glyphosate no Brasil.

Afeta principalmente as culturas de feijão, soja, girassol, cana-de-açúcar, algodão, arroz, arroz irrigado e pastagens.

Corda de viola (Ipomoea acuminata)

É uma planta trepadeira, nativa da América do Sul, sendo responsável por um dos maiores prejuízos em culturas anuais e perenes das regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul. É particularmente indesejada em lavouras de cereais devido às dificuldades causadas na colheita mecânica, além de conferir alta umidade aos grãos. 

Afeta, também, lavouras de cana-de-açúcar, arroz, milho, pastagens, soja e trigo.

Capim amargoso (Digitaria insularis)

Essa planta recebe esse nome por ser conhecidamente evitada pelo gado, graças ao seu gosto amargo, o que diminui o valor atribuído aos pastos. 

Devido à sua grande facilidade de rebrotamento quando cortada, queimada ou após o controle químico, essa espécie tende a ocupar cada vez mais áreas e trazer cada vez mais prejuízos para a agropecuária. 

Costuma ser menos comum em solos cultivados com frequência, contudo, também afeta culturas de algodão, alho, cana-de-açúcar, cacau, milho e soja.

Carrapicho de carneiro (Acanthospermum hispidum)

O carrapicho de carneiro é uma erva daninha de difícil controle devido à germinação irregular. Sua dispersão se dá pelos frutos, que se prendem facilmente ao pelo de animais, às roupas de trabalhadores rurais e a outras superfícies. 

Essas ervas daninhas afetam culturas de batata, cana-de-açúcar, cacau, café, algodão, milho e soja.

Beldroega (Portulaca oleracea)

Essa é uma planta daninha comum em todo o país, infestando, principalmente, áreas de horticultura. Prefere solos ricos em matéria orgânica e, nas condições climáticas do Brasil, suas sementes germinam o ano todo.

Causa prejuízo para lavouras de café, algodão, batata, cana-de-açúcar, pastagens, soja, milho e cacau.

Losna branca (Parthenium hysterophorus)

A losna branca possui folhas verdes com pelos curtos que podem causar efeito alérgico nas pessoas. Essa espécie ainda possui um biótipo brasileiro que é resistente aos herbicidas inibidores da enzima ALS, como as sulfonilureias e as imidazolinonas.

Afeta principalmente as culturas de pinus, café, cana-de-açúcar, algodão, fumo, pastagens, soja e milho.

Como identificar as ervas daninhas?

Como vimos anteriormente, cada planta daninha possui características específicas. Por isso, saber como identificar as ervas daninhas presentes na lavoura é extremamente importante para que seja possível definir o manejo correto, uma vez que os manejos não possuem a mesma eficácia para todas as espécies de plantas daninhas.

Para que a identificação seja correta, o ideal é conhecer bem as espécies de cada planta e consultar manuais confiáveis, como o Manual de identificação de plantas infestantes, da FMC. Além disso, contratar a ajuda de um profissional no assunto pode ser ideal.

Como controlar as ervas daninhas?

O controle do avanço de ervas daninhas deve ser feito a partir de uma combinação de estratégias e não através de uma única manobra ou um único produto.

O controle preventivo é uma das maneiras mais interessantes de controle, uma vez que perpassa a adoção de cuidados, como a limpeza rigorosa de implementos e maquinário, bem como o uso de sementes certificadas. 

Uma outra possibilidade interessante é o uso do chamado controle cultural. Por meio dele, escolhem-se espécies produtivas adaptadas à região de plantio e a época do ano ideal para o cultivo. Além disso, é dada uma atenção especial à densidade e ao espaçamento entre as plantas, incluindo a rotação de culturas como parte integrante desse tipo de estratégia. 

As estratégias mais difundidas e conhecidas popularmente são os controles físico, químico, mecânico e biológico. Entenda mais abaixo:

  • Controle físico: é feita a solarização do solo, com fogo e/ou inundação. A partir daí, cria-se uma cobertura de polietileno transparente, o que provoca aumento da temperatura do solo, matando o embrião da planta daninha, conhecido como plântula;
  • Controle químico: nesse tipo de controle utilizam-se agrotóxicos herbicidas. Eles devem ser definidos a partir do tipo de planta invasora, o que permite que haja a escolha do produto mais adequado e o combate se torne muito mais eficaz;
  • Controle mecânico: é muito comum em pequenas propriedades, sendo aquele em que as plantas daninhas são extraídas por meio de arranquio manual ou uso de equipamentos como as enxadas fixas ou rotativas;
  • Controle biológico: trata-se de uma alternativa que vem crescendo cada vez mais, utilizando produtos à base de agentes biológicos para o controle de pragas e doenças na agricultura. Saiba mais sobre o assunto fazendo download do nosso ebook gratuito Controle Biológico: o que é, para que serve e quais os tipos.

Vale ressaltar que, seja qual for o método escolhido, o produtor precisa sempre visar a otimização da colheita e a proteção do meio ambiente. Por isso, combinar estratégias e utilizar a consultoria de pessoas especializadas é a melhor maneira de evitar perdas de rendimento pela competição, bem como o aumento da infestação.

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Conclusão

As ervas daninhas são pragas que podem ser consideradas um dos maiores problemas da agricultura atual, não somente por competirem com as plantas cultivadas, mas também por serem hospedeiras de diversas pragas e doenças.

Portanto, é importante ter o domínio das particularidades das espécies mais comuns, além das principais características que as diferenciam, sempre tendo em mente que o melhor manejo é aquele feito de maneira específica para a sua produção.