Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos, cerca de uma em cada dez pessoas em todo o mundo adoece devido ao consumo de alimentos contaminados. Esse número representa algo em torno de 600 milhões de pessoas. E, desse montante contaminado, cerca de 420 mil morrem. 

Os dados acima mostram que as doenças transmitidas por alimentos (DTA) são bastante comuns e podem atingir qualquer pessoa, principalmente aquelas que estão sujeitas a condições precárias de saneamento básico. Contudo, é importante ressaltar que mesmo as pessoas que se encontram fora dessa realidade também podem se contaminar. Uma das DTA’s mais conhecidas é a intoxicação alimentar. E é sobre ela que iremos falar hoje.

A intoxicação alimentar acontece em todo o mundo. As causas, os sintomas e a gravidade variam. Embora seja uma doença bastante comum, em alguns casos ela pode levar ao óbito. Por isso, é importante ficar atento ao que se consome, como o alimento é fabricado, processado e manuseado. 

Hoje vamos falar não só sobre a intoxicação alimentar, mas também sobre as causas, os principais alimentos passíveis de intoxicação e a importância de boas práticas de segurança e higiene em indústrias e estabelecimentos de alimentos.

O que é intoxicação alimentar?

Intoxicação alimentar é uma doença provocada pela ingestão de alimentos contaminados com organismos ou substâncias prejudiciais ao corpo, como bactérias, parasitas, vírus e toxinas. Essa contaminação ocorre, geralmente, em alimentos que são deixados ao ar livre, armazenados incorretamente ou manuseados com mãos sujas.

Na maior parte das vezes, a intoxicação se manifesta de maneira suave e desaparece depois de alguns dias. Durante esse período em que se manifestam os sintomas, o corpo está liberando o que causou a doença. Porém, existem tipos de intoxicação alimentar mais graves. Se esse for o caso, é necessário procurar ajuda médica. 

Intoxicação alimentar: causas

Como dito acima, a intoxicação alimentar ocorre após a ingestão de alimentos ou bebidas contaminados. Não existe apenas uma causa de contaminação. Na verdade, são diversas. Abaixo, separamos as causas mais comuns de contaminação dos alimentos:

Pelo ambiente

Há milhares de organismos prejudiciais habitando os ambientes. Muitos deles se encontram na água, na sujeira e na poeira que podem acabar entrando em contato com o alimento que consumimos. Se isso ocorrer e o alimento não for preparado de maneira a eliminar esses micro-organismos, a tendência é que ocorra um intoxicação alimentar.

Durante a manipulação de alimentos

Não é à toa que uma das primeiras coisas que aprendemos quando crianças é a importância de manter as mãos limpas. A higienização correta evita uma série de doenças, como a intoxicação alimentar. Muitos alimentos acabam sendo infectados quando uma pessoa com as mãos contaminadas toca o alimento, ou quando o alimento entra em contato com alguma outra coisa infectada, como uma superfície, por exemplo. Uma maneira comum de contaminação que algumas pessoas não se atentam é usar a mesma tábua de corte para manipular legumes depois de ter usado para preparar carne crua. Dessa maneira, há um grande risco de os agentes infecciosos da carne passarem para os vegetais que, diferente da carne, não irão para o fogo. Por isso, é importante se atentar para esses detalhes, além da higienização correta de mãos e superfícies.

Durante o processamento

Não é incomum que intestinos de animais sadios abriguem algumas bactérias. Além disso, se bactérias entram em contato com a carne durante o processamento, ela também se contamina. Entre os agentes infecciosos de alimentos mais comuns estão: Campylobacter, Salmonella e Escherichia coli.

Durante o crescimento

As frutas e vegetais frescos podem se contagiar caso sejam lavados ou irrigados com água contaminada. Geralmente, a contaminação da água se dá por dejetos de animais ou esgoto humano.

Essas causas demonstram que não adianta ter cuidado em casa se os locais por onde o alimento passa não respeitam regras de segurança e higiene, como as indústrias e comércios alimentícios. Afinal, o alimento passa pelo plantio, colheita, manipulação industrial, embalamento, transporte, exposição, etc. É uma série de processos que precisam mais do que atenção e cuidado, precisam seguir regras!

Alimentos com maior risco de intoxicação alimentar

1. Água;

2. Carnes; 

3. Leite e derivados; 

4. Vegetais;

5. Ovos;

6. Brotos; 

7. Enlatados; 

8. Peixes/frutos do mar.

Intoxicação alimentar: sintomas

Normalmente, a intoxicação alimentar afeta o estômago e o intestino. Por isso, o sintoma mais comum é a diarreia. Além dela, também podem ocorrer: 

  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Diarreia aquosa;
  • Dor abdominal e cólicas;
  • Febre.

Contudo, nem toda intoxicação alimentar provoca diarreia, náuseas, vômitos e cólicas. Alguns casos podem apresentar sintomas mais graves como confusão, fraqueza, dormência ou formigamento na face, pés e mãos.

Os sintomas podem começar poucas horas após a ingestão do alimento contaminado, mas também podem demorar dias ou até semanas dependendo do caso. A intoxicação alimentar costuma ter duração de um a 10 dias. Tudo vai depender do motivo da infecção e das condições de saúde do paciente.

Crianças, idosos, mulheres grávidas e pessoas que sofrem comprometimento do sistema imune podem ser mais afetados pela intoxicação alimentar, com sintomas que duram mais tempo e versões mais graves da doença.

Como prevenir a intoxicação alimentar?

A melhor maneira de evitar a intoxicação alimentar é manter a higiene quando for manusear e preparar os alimentos. Além disso, também é importante saber qual é sua procedência. Confira, abaixo, algumas formas de prevenção:

  • Antes de preparar a comida, lave muito bem as mãos e os utensílios que for utilizar com água e sabão;
  • Atente-se para a data de validade dos alimentos e não consuma quando estiverem vencidos;
  • Mantenha os alimentos perecíveis dentro da geladeira. O ideal é refrigerar ou congelar em até duas horas após serem comprados, ou então prepará-los.
  • Evite consumir alimentos que ficaram em temperatura ambiente por um longo período;
  • Sempre cozinhe carne e ovos;
  • Evite lavar a carne crua, pois pode acabar espalhando bactérias que estejam presentes; 
  • Antes de consumir, higienize bem as frutas, verduras e legumes;
  • Para evitar a contaminação cruzada, utilize utensílios separados para carne crua e frutos do mar;
  • Lave bem as mãos antes de comer;
  • Use água quente na lavagem de utensílios utilizados para cortar alimentos;
  • Descongele os alimentos de maneira segura: dentro da geladeira, na água fria ou no micro-ondas. Não descongele no balcão, em temperatura ambiente, para evitar que as bactérias se multipliquem;
  • Beba água filtrada e própria para consumo;
  • Mantenha alimentos crus longe de outros alimentos para evitar a contaminação cruzada;
  • Cozinhe os alimentos em uma temperatura segura. Ao fazer isso, você mata os organismos nocivos que estão presentes no alimento. A carne moída deve ser cozida a 71°C; bifes e assados, a pelo menos 62,8°C; porco, a pelo menos 71°C; frango e peru a 73,9°C; e peixe, geralmente, a 62,8°C;
  • Por fim, se você desconfia que o alimento estragou ou não sabe se foi preparado, servido ou armazenado de forma segura, descarte-o.

Como é o tratamento da intoxicação alimentar?

Em boa parte dos casos, o tratamento da doença ocorre com o gerenciamento dos sintomas e a prevenção da desidratação, já que os principais sintomas incluem vômitos e diarreia. O risco de morte varia conforme a quantidade de alimento contaminado ingerido, o tipo de micro-organismo ou substância e, ainda, o paciente. Idosos, grávidas e crianças, por exemplo, são geralmente mais suscetíveis a se intoxicar e precisam ter mais cuidado e atenção com os alimentos que ingerem.

Normalmente, em casos leves, a recuperação ocorre após poucos dias. Contudo, se for uma situação mais grave, é preciso procurar um médico para tomar as providências necessárias que podem ser reposição de líquidos, uso de medicamentos ou, até mesmo, internação.

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