Há muito tempo que as plantas daninhas representam um grande desafio para os agricultores.

Nesse artigo, vamos abordar um breve histórico sobre o surgimento das plantas daninhas, os prejuízos que causam na agricultura e algumas alternativas de controle.

Confira ainda, como esse assunto é abordado em concursos públicos e aproveite as questões no final do texto para fixar o conteúdo.

Breve histórico sobre o surgimento das Plantas Daninhas

As plantas daninhas surgiram há muito tempo atrás, desde os primórdios da agricultura, quando o homem passou a cultivar algumas espécies para sua sobrevivência.

No início, havia maior equilíbrio entre as espécies existentes, ou seja, as plantas daninhas conviviam com as culturas de interesse econômico (arroz, trigo, milho) sem causar prejuízos. No entanto, com o passar do tempo, e consequentemente, com a maior interferência humana no cultivo de alimentos, iniciou-se um processo de seleção.

Algumas espécies de plantas daninhas adquiriram resistência aos produtos químicos, dessa forma, desenvolveram alta capacidade de adaptação, o que lhes permitiu sobreviver em diversos ambientes.

Nos dias atuais, não há dúvidas de que as plantas daninhas causam grandes prejuízos na produção agrícola. Devido ao rápido crescimento e facilidade de disseminação, podem ser responsáveis por grandes perdas de produtividade, que chegam de 20 a 80%.

Conceito de Plantas Daninhas

Basicamente, as plantas daninhas são conceituadas como organismos vegetais que interferem economicamente na atividade humana. É toda e qualquer planta indesejável que se desenvolve fora do lugar.

Esse tipo de planta, constitui um sério problema para a agricultura, pois conseguem se desenvolver em condições semelhantes às plantas cultivadas de interesse econômico. 

Impacto na Agricultura

As plantas daninhas são capazes de causar grandes prejuízos na produção agrícola, dentre eles:

– podem interferir diretamente na qualidade dos produtos e na produtividade das lavouras;
– são capazes de competir com as culturas por água, luz e nutrientes, além de liberarem substâncias que afetam a germinação e o crescimento das outras espécies;
– indiretamente, podem causar outros prejuízos à lavoura, sendo hospedeiras de pragas e doenças;
– também, ocasionam problemas sociais, relacionados à saúde humana e ao meio ambiente, pelo uso indiscriminado de produtos químicos, e consequentemente, afetam a economia, por aumentarem o custo de produção.

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Métodos de manejo e controle das Plantas Daninhas

Um dos fatores mais limitantes no controle das plantas daninhas é a falta de conhecimento sobre a biologia das plantas.

Isso quer dizer, que para obter um controle efetivo é necessário conhecer a espécie que se deseja controlar, elucidando dados referentes à população das plantas, ao ciclo de vida, ao nível de dano econômico, entre outros.

O uso de práticas adequados em momentos impróprios, pode proporcionar resultado muito inferior ao desejado, portanto, devemos conhecer as plantas daninhas da mesma forma que conhecemos as espécies cultivadas.

As plantas daninhas podem ser controladas com a aplicação de diversos métodos. No passado, utilizava-se apenas o controle químico, pois naquela época, se mostrava mais eficiente. Porém, com o passar dos anos e com surgimento da resistência de plantas a produtos químicos, surgiu a necessidade de implantar métodos de controle integrados.

O manejo integrado de plantas daninhas, consiste na adoção de diversas medidas, que juntas têm o objetivo de prevenir, controlar e erradicar a introdução e a disseminação das plantas em determinados locais. 

Os métodos do manejo integrado são divididos em:

1. Preventivo

Como o próprio nome já diz, esse método consiste em prevenir a entrada ou a disseminação de plantas daninhas na área. Pode ser aplicado através do:

  • uso de sementes certificadas;
  • da limpeza de máquinas e implementos utilizados na lavoura;
  • e da utilização de mudas livres de plantas daninhas.

2. Cultural

O método de controle cultural consiste:

  • na escolha de variedades adaptadas a região;
  • na escolha correta do espaçamento;
  • na escolha correta da densidade de semeadura;
  • na escolha correta da época de plantio;
  • na adoção de cobertura de solo e plantio rotacionado. 

3. Mecânico e físico

O controle de plantas daninhas através de métodos mecânicos e físicos, pode ser realizado com a roçada ou capina, aplicação de calor, solarização e tratamentos de choque.

4. Biológico

O controle biológico é realizado com a utilização de parasitas, predadores ou patógenos de plantas daninhas, com o intuito de manter a população de plantas em um nível de densidade que não cause prejuízos econômicos.

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5. Químico

Por último, utiliza-se o método químico, que consiste basicamente na aplicação de herbicidas.

Plantas daninhas resistentes 

A resistência de plantas daninhas é definida como a capacidade da planta, de sobreviver e se reproduzir após uma aplicação de herbicida.

Essa resistência surgiu através do uso indiscriminado de produtos químicos, que são aplicados em doses erradas, em épocas inadequadas, em culturas que não possuem registro oficial para utilização e ainda, pela falta de rotação dos princípios ativos de controle. 

As plantas daninhas resistentes apresentam diversas consequências negativas na produção, pois, além de diminuir a produtividade das culturas, podem atrair pragas e doenças, elevando consequentemente, o custo de produção.

Práticas de controle pouco eficientes contribuem para o aumento e o surgimento de novas plantas resistentes a herbicidas, sendo assim, é de extrema importância escolher métodos eficazes, dando preferência às outras medidas do manejo integrado, já que na maioria dos casos, o controle químico não se faz mais eficiente. 

Plantas daninhas do bem

Muito se fala sobre os prejuízos causados pelas plantas daninhas, e por esse motivo, o que poucas pessoas sabem, é que algumas espécies podem trazer benefícios ao meio ambiente e a saúde humana.

Algumas espécies de plantas, que são consideradas indesejáveis na lavoura, podem ser utilizadas para evitar erosão em áreas degradadas, e ainda, servem como fitorremediadoras, ou seja, são capazes de retirar compostos residuais do solo.

Podem ser usadas também, na medicina para tratamento fitoterápico, e como alimento para inimigos naturais, a exemplo das abelhas.

Dessa forma, após conhecermos algumas vantagens e desvantagem, devemos ter em mente, que a escolha de boas práticas de controle é essencial para o sucesso da produção. As técnicas do manejo integrado devem ser empregadas, para evitar ao máximo, a utilização excessiva de produtos químicos e o surgimento de outros casos de resistência. 

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Concurso público

É muito comum encontrar, em concursos públicos da área agrícola, questões referentes às plantas daninhas.

O tema pode ser abordado de diversas maneiras, sendo assim, separamos algumas questões para você fixar o conteúdo.

1. CESPE – 2013 (PF)

Acerca de controle de pragas, aplicação de defensivos agrícolas e controle de plantas daninhas, julgue os itens subsequentes. 

A) O método cultural consiste na utilização de técnicas de manejo da cultura, como época de semeadura, espaçamento, densidade de plantio e adubação, visando aumentar a capacidade competitiva da cultura desejada, em detrimento das plantas daninhas. 

B) O plantio direto interfere negativamente no controle das plantas daninhas, pois, com a ausência de revolvimento do solo, o banco de sementes na parte superficial do solo tende a aumentar, elevando a germinação dos propágulos.

2. CEC – 2014 ( PREFEITURA PIRAQUARA)

A importância dos estudos ecológicos e biológicos na estratégia de manejo das plantas daninhas estão colocados nas afirmações abaixo, EXCETO: 

A) O conhecimento da biologia e da ecologia – constitui a base para a escolha do sistema de manejo. 

B) O conhecimento da taxonomia e da identificação – faz parte do acerto na escolha da estratégia de controle. 

C) O conhecimento da alelopatia – pode-se dizer que várias espécies podem ser perfeitamente manejadas quando se conhecem suas capacidades alelopáticas, tanto do agente de controle (doador) como do indivíduo a ser controlado (receptor). 

D) O conhecimento da morfologia e anatomia – certas espécies de plantas daninhas apresentam alta capacidade competitiva com as culturas devido a sua velocidade de crescimento e formação lenta de um dossel denso.

 E) O conhecimento da fisiologia e bioquímica – este aspecto dita a capacidade das espécies de se adaptarem às condições adversas e se tornarem mais competitivas.

3. FUNDATEC – 2015 (BRDE)

O desenvolvimento de plantas espontâneas junto às culturas agrícolas interfere no seu bom desenvolvimento e manejo, o que pode ser atribuído à competição entre as plantas, mas também pode estar relacionada à interação alelopática. Ocorre que, dependendo do grau de infestação, a produção da cultura agrícola de interesse econômico poderá ser reduzida, acarretando prejuízo. Na prática do sistema de Plantio Direto, a lixiviação e exsudação de substâncias assumem grande importância, uma vez que ocorre a deposição de expressiva quantidade de material vegetal sobre o terreno. Essa deposição da palhada representa o fundamento mais essencial do plantio direto. Tal prática ajuda no controle de plantas daninhas devido, entre outros fatores, à ação alelopática, que significa: 

A) Uma planta sobrevivendo às custas de outra. 

B) Plantas que utilizam os mesmos recursos, simultaneamente, em quantidades limitantes no ambiente. 

C) Uma forma de competição, evitando a emergência da planta daninha em relação à cultura agrícola.

 D) Pós-emergência tardia da planta daninha, após o início do período de matocompetição com a cultura. 

E) Um efeito de uma planta sobre outra, por meio da produção de compostos químicos liberados no ambiente.

Gabarito:

  1. CERTA; ERRADA
  2. D
  3. E

Autoria da redatora do Ifope:
Karina Rosalen