Desde o início da pandemia do novo Coronavírus, o setor produtivo brasileiro vive os desafios de se manter ativo de forma sustentável, de preservar o emprego dos seus colaboradores e de continuar contribuindo para a economia do país.
O mundo ainda vive reflexos dessa situação desafiadora decorrente da pandemia do novo Coronavírus que já trouxe perdas significativas e gerou impactos em diversos setores e segmentos do agronegócio. Porém, não podemos deixar de destacar que o acometimento desse vírus no Brasil, desde fevereiro de 2020, já acarreta ensinamentos, revela oportunidades no agronegócio brasileiro e faz pressão na produção agropecuária que se vê obrigada a pôr à prova sua resiliência.
Durante o enfrentamento ao novo Coronavírus, as modalidades de comercialização eletrônica e uso das mídias digitais, por exemplo, passaram a ser ferramentas utilizadas para escoar produções agrícolas pelos produtores, que até então não faziam uso desses instrumentos mercadológicos.
Nota-se que o agronegócio brasileiro, durante à pandemia da Covid-19, cresce e se fortalece em um mercado agrícola e tecnológico cada vez mais competitivo em meio a um cenário econômico mundialmente adverso.
Não são todos os países que possuem um elevado grau de autossuficiência alimentar, tal como o Brasil e os EUA. Dessa maneira, ao Brasil, como um dos principais produtores e exportadores de alimentos, recaí a nobre missão de suprir alimentos à sociedade brasileira e manter o intercâmbio comercial, no cumprimento dos acordos e compromissos firmados antes da pandemia.
Prossiga com a leitura e fique por dentro sobre oportunidades e perspectivas no setor agropecuário pós pandemia do novo Coronavírus.
Os reflexos da Covid-19 no setor agropecuário
O setor agropecuário apresentou crescimento de 0,6% no primeiro trimestre de 2020 em comparação ao quarto trimestre de 2019, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do país. O setor foi o único da atividade econômica nacional a crescer no período analisado, de acordo com o estudo.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base em dados do IBGE, prevê alta de 2,5%, em 2020, no PIB do setor agropecuário brasileiro mesmo com a pandemia do novo coronavírus. Em um cenário com maior risco de impacto da Covid-19 na demanda por produtos agropecuários, os pesquisadores projetam aumento, em ritmo menor, de 1,3%.
Desde o início da pandemia do novo Coronavírus, as culturas anuais, como soja e milho, e as perenes, como laranja e café, tiveram suas demandas aumentadas no mercado internacional, estimuladas pela disparada do dólar, que atingiu patamares próximos a R$ 6,00 (maio de 2020).
As culturas de ciclo curto, como as dos setores de frutas, legumes e verduras (FLV), amargaram prejuízos e sofreram (sofrem) os impactos diretos do fechamento de restaurantes, lanchonetes e praças de alimentação de shopping centers e de foodservice. pela perecibilidade e impossibilidade de estocá-los.
Os produtores agrícolas precisam estar atentos aos conhecimentos aprofundados da cadeia produtiva e saber as fraquezas bem como as oportunidades do empreendimento rural que está inserido.
As oportunidades e as perspectivas na óptica dos impactos da Covid–19 no setor agropecuário
O agronegócio envolve de maneira sistêmica, segmentos de insumos, produções agrícolas, processamentos (agroindústrias) e (agro) serviços para a agropecuária.
A agropecuária, por sua vez, consiste no conjunto de atividades primárias, associada a agricultura e à pecuária para o consumo humano ou para o fornecimento de matérias-primas para a agroindústria. Esse segmento da economia é um dos elementos que compõem o Produto Interno Bruto (PIB) de um determinado lugar (medida de valor, que expressa a evolução da renda de um setor e/ou atividade).
Podemos dividir o agronegócio em dois grandes ramos produtivos: ramo agrícola, composto por cadeias produtivas das atividades vegetais; e ramo pecuário, por sua vez, composto por cadeias produtivas referentes à produção de origem animal (Figura 01).
De acordo com o relatório “A Pandemia da Covid-19 e as Perspectivas para o Setor Agrícola Brasileiro no Comércio Internacional – Adidos Agrícolas” publicado em maio de 2020 pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA, é importante para o Brasil, seguir investindo na diversificação, tanto de produtos que compõem a pauta exportadora, quanto de destinos. As alterações nos padrões de consumo e na percepção de sanidade alimentar já são vistas significantemente nas populações. É o alimento sendo cada vez mais visto como sinônimo de saúde.
Logo, as propriedades diversificadas no sistema de produção agrícolas, adeptas às práticas sustentáveis poderão ter oportunidades de ofertarem alimentos mais saudáveis e de melhor qualidade fidelizando seus clientes com a entrega selecionada de seus produtos.
Por outro lado, a pandemia da Covid-19 pode implicar em maior rigor quanto aos padrões técnicos, sanitários e fitossanitários, inclusive com exigências de certificação, rastreabilidade dos produtos agropecuários, gerando oportunidades para empresas com expertises em rastreabilidade e certificadoras de produtos vegetais e animais.
A venda online de produtos, particularmente na área de alimentos, tem se consolidado como opção segura e conveniente no dia a dia das pessoas. Existe também uma tendência de aumento no consumo de celulose, por se tratar de insumo para embalagens de papel e papelão. De tal modo que, no período pós pandemia, por conveniência e novo estilo de vida da população, diversos setores deverão se adequar à nova demanda como, por exemplo:
- embalagens menores;
- maior tempo de prateleira dos produtos;
- alimentos de fácil preparo doméstico;
- produtos processados mas também produtos frescos, orgânicos, funcionais e nutracêuticos;
- sistemas de entrega adequados;
- comércio eletrônico;
- disponibilidade em mercados menores e feiras livres próximas aos locais de residência.
O que notamos ainda deste enfrentamento da Covid-19, é um cenário econômico ainda repleto de incertezas, mas sabemos que pessoas e animais precisam de alimentos, e esta demanda existirá mesmo na perspectiva de menor renda das populações. Caberão aos produtores e empreendedores do setor do agroalimentar, enxergar oportunidades de como ofertar alimentos de maneira segura e acessíveis à sociedade, em atendimento a uma crescente exigência internacional por saúde, sanidade e sustentabilidade.
No cenário pós-Covid-19, retornarão as discussões sobre sustentabilidade, sobretudo ambiental, que se somarão às preocupações sobre a sanidade do produto. E o Brasil, pela sua natureza e por ser grande produtor com qualidade, deverá liderar as discussões sobre os paradigmas de sanidade da produção e saúde.
O pós pandemia do novo Coronavírus reforça a importância do agronegócio brasileiro, visto pelos pesquisadores, com motor para recuperação da economia do país.
Setor agropecuário: Mercado de trabalho x Crise do novo Coronavírus
A pandemia da Covid-19 promoveu uma queda em praticamente todos os setores da economia brasileira. Porém, os resultados positivos do setor agropecuário nos primeiros meses do ano de 2020, servem para impulsionar a geração de emprego antes, dentro e depois da porteira. Mas antes de prosseguirmos, você sabe o que estes termos querem dizer?
O primeiro termo “antes da porteira”, são os insumos: sementes, maquinários, serviços, pesquisas; já o termo do meio, “dentro da porteira” refere-se à produção propriamente dita; e o último termo, “depois da porteira” faz menção ao direcionamento para o consumo, como agroindústria, comércio, propaganda.
Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, o agronegócio foi o setor que mais gerou empregos com carteira assinada no primeiro semestre de 2020. Dados de maio de 2020, revelam que o setor teve saldo positivo de 36,8 mil postos de trabalho.
Para exemplificar a existência de emprego mesmo em meio à crise da pandemia do novo Coronavírus, o setor agro, no Estado do Paraná, abriu 2,9 mil postos de trabalho nos quatro primeiros meses de 2020, enquanto comércio, indústria e serviços demitiram, juntos, mais de 25 mil pessoas (Figura 02).
A Lei Nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto da Covid-19, no artigo 3º inciso XXII, considera os profissionais essenciais ao controle de doenças e à manutenção da ordem pública aqueles que trabalham na cadeia de produção de alimentos e bebidas, incluídos os insumos.
De tal modo que, os elos do setor agropecuário brasileiro, em meio à crise econômica gerada pela pandemia da Covid-19, é, portanto, considerado atividade essencial durante o enfrentamento da Covid-19.
Dessa maneira, a perspectiva para o mercado de trabalho para este setor pós coronavírus, diante dos dados apresentados acima, são positivas e satisfatórias.
Logo, as oportunidades de emprego no agro, surgirão dos ajustes originados das demandas por conveniência e novo estilo de vida da população.
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Saiba mais!
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento instituiu uma campanha “MAPA contra o Coronavírus” com ações publicadas e sistemas relacionados ao Coronavírus. Saiba mais acessando aqui.
Autoria da redatora do Ifope:
Janaina Canaan Rezende
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