Você já ouviu falar em alimentos processados? É bem provável que em algum momento você já tenha consumido esses tipos de alimentos. Cada vez mais presentes no nosso dia a dia, os alimentos processados costumam ser alvo de questionamentos sobre os possíveis malefícios para a saúde de quem os consome.
Mas, você realmente sabe o que são alimentos processados? Entende a diferença entre alimentos in natura e alimentos ultraprocessados? Sabe como cada um é produzido e fabricado ou, ainda, quais são os benefícios e potenciais prejuízos que eles podem trazer para a saúde do ser humano?
Se deseja descobrir a resposta para todas essas perguntas e, ainda, saber muito mais sobre esse assunto, continue lendo este artigo que o Ifope preparou para você!
Como os alimentos processados surgiram?
O processamento de alimentos se iniciou devido à necessidade humana de conservar alimentos pelo maior tempo possível, visto que era necessário sobreviver a extensos momentos de escassez, como durante secas e invernos rigorosos. Inicialmente, a conservação era feita utilizando calor. Posteriormente, esse tipo de conhecimento ganhou notoriedade, fazendo com que surgissem diversos estudos sobre o assunto.
Após o início dos estudos, uma das primeiras técnicas de conservação empregadas foi a utilização do sal. A adição de conservantes naturais, como sal e açúcar, passou a ser uma técnica reconhecida e, com o passar do tempo, novas formas de conservação foram sendo desenvolvidas, tais como a pasteurização e a liofilização.
Hoje, a maioria dos alimentos que consumimos passa por algum tipo de processo, que envolve não somente a conservação, mas também inúmeros outros fatores. O processamento é o conjunto de métodos que torna os alimentos comestíveis, garante a segurança alimentar e conserva os alimentos por um período mais longo. No caso do palmito, por exemplo, a única forma de consumi-lo com segurança é a partir da conservação em salmoura acidificada, que impede a intoxicação alimentar.
O que são alimentos processados?
Por definição, os alimentos processados são aqueles fabricados pela indústria em um processo que envolve a adição de sal, açúcar ou outra substância a alimentos in natura. O objetivo é torná-los duráveis e mais agradáveis ao paladar. São produtos derivados diretamente de alimentos e podem ser considerados como uma versão do produto original.
Alguns exemplos desse tipo de alimento são: pepino, ervilha, palmito e cebola preservados em salmoura ou em solução de sal e vinagre; extratos ou concentrados de tomate; frutas em calda e frutas cristalizadas; carne seca; toucinho; sardinha e atum enlatados; queijos e pães feitos de farinha de trigo, leveduras, água e sal.
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Impactos dos alimentos processados para a saúde
A grande quantidade de conservantes presente nos alimentos processados pode causar danos à saúde quando consumidos excessivamente. Isso acontece porque as substâncias utilizadas na conservação podem causar alterações passageiras e permanentes no organismo.
Entre outros problemas, o consumo excessivo de alimentos processados pode:
- alterar e prejudicar os mecanismos hormonais presentes no estômago, que são responsáveis por indicar a fome e a saciedade ao cérebro;
- favorecer o desenvolvimento de alergias e intolerâncias alimentares;
- os altos níveis de sódio podem ter impacto no funcionamento renal e na pressão sanguínea sistêmica, causando problemas principalmente em quem tem patologias como hipertensão e doença renal crônica;
- podem provocar distúrbios estomacais e intestinais devido à alteração do ph do meio.
Impactos culturais
As marcas de alimentos ultraprocessados mais conhecidas, em sua grande maioria, fazem propagandas e campanhas publicitárias bastante agressivas, que influenciam o consumo excessivo desses tipos de alimentos. Ao passo em que o consumo de alimentos ultraprocessados aumenta, o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados diminui. Muitas vezes, estes são considerados desinteressantes e colocados de lado, especialmente pelos mais jovens.
A falta desses alimentos, cada vez mais famosos, pode provocar uma sensação de não pertencimento. Em contrapartida, o consumo de alimentos industrializados no cotidiano torna-se símbolo de status.
Impactos sociais e cotidianos
A praticidade e rapidez trazida por alimentos industrializados também modifica aspectos do cotidiano. Como muitos desses alimentos não precisam ser preparados e podem ser consumidos em qualquer hora e lugar, muitas pessoas fazem suas refeições enquanto trabalham, estudam, assistem televisão, mexem no celular etc.
Impactos ambientais
A produção e comercialização dos alimentos processados trazem impactos negativos ao meio ambiente. Um aspecto de destaque que evidencia isso são as embalagens utilizadas, que, muitas vezes, não são biodegradáveis. Outro fator a ser levado em conta é a demanda por matérias-primas, como açúcar e óleos vegetais, que infla a criação de monoculturas que necessitam de agrotóxicos e fertilizantes. Além disso, aspectos como emissão de poluentes, devido ao transporte, e uso excessivo de água aumentam a degradação e poluição do meio ambiente.
Alimentos processados x ultraprocessados x in natura
Como dito anteriormente, os alimentos processados são aqueles que utilizam conservantes em sua fabricação a fim de aumentar a vida útil do produto e melhorar sua aceitação no mercado. Mas quais são as principais diferenças em relação aos demais tipos de alimentos disponíveis no mercado? Confira abaixo!
Alimentos in natura e minimamente processados
Os alimentos in natura, por sua vez, são obtidos diretamente de plantas ou animais e não sofrem qualquer alteração após deixarem a natureza. Esses alimentos, quando submetidos à limpeza, remoção de partes não comestíveis, secagem e fracionamento, por exemplo, são considerados minimamente processados. Para tanto, é necessário que não sejam agregadas outras substâncias ao alimento, como sal, açúcar, óleos ou gorduras etc.
A ideia do processamento mínimo é tornar a alimentação de qualidade mais disponível e acessível para a população. Os alimentos que fazem parte desse grupo são: grãos, nozes, legumes, frutas e hortaliças, raízes e tubérculos, chás, café, entre outros.
Fato é que esse tipo de alimento é muito mais saudável do que as demais variantes, uma vez que conta com pouca ou nenhuma modificação alimentícia que possa predispor uma condição crônica, como obesidade e hipertensão, no futuro. Devido a esses benefícios, uma parcela crescente da população tem buscado consumir apenas esse tipo de alimento.
Leia mais: Entenda o que são alimentos minimamente processados
Alimentos ultraprocessados
Os alimentos ultraprocessados são produtos prontos para consumo, sendo formulados e embalados para serem consumidos sem necessidade de preparação adicional – exceto um possível aquecimento. Suas fórmulas são feitas a partir de substâncias retiradas de alimentos naturais, como óleos, gorduras e proteínas; derivados de constituintes de alimentos, como gorduras hidrogenadas e amido modificado; ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas, como petróleo e carvão (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários tipos de aditivos usados para dotar os produtos de propriedades sensoriais atraentes).
O objetivo do ultraprocessamento é deixar o alimento atraente, muito mais palatável, com vida longa nas prateleiras de supermercado e na geladeira. Além disso, esses alimentos são feitos com o intuito de se tornarem uma praticidade ao consumidor, uma vez que já se encontram prontos para consumo imediato.
Malefícios
Apesar de trazerem alguns benefícios, os impactos do amplo consumo de alimentos ultraprocessados incluem desde problemas para a saúde de quem os consome até alterações ocorridas no meio ambiente.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Fundo Mundial para Pesquisa em Câncer (WCRF), um dos principais fatores que promovem o aumento de peso, a obesidade e o desenvolvimento de doenças não transmissíveis é a elevada ingestão de alimentos com poucos nutrientes e alto valor energético, geralmente associada ao consumo de grandes quantidades de comidas açucaradas e com excesso de gorduras hidrogenadas e à prática de pouco ou nenhum exercício físico.
A vida social e a cultura alimentícia do país não estão isentos dos impactos causados pelos alimentos ultraprocessados. Seja pela praticidade ou pela massiva propaganda, esse tipo de produto acabou paulatinamente se tornando muito presente no nosso dia a dia. Tudo isso se soma à criação de um contexto de importância social em relação à posse desse tipo de item, que se tornou símbolo de status social em muitos casos.
Recomendações oficiais das autoridades acerca da alimentação
Publicada em 2014, a segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira traz algumas recomendações importantes quando o assunto é alimentação. Toda a conduta nele descrita é baseada na máxima de sempre preferir alimentos in natura ou minimamente processados, seja para consumo direto ou para preparações culinárias.
Confira algumas das principais regras do Guia:
- a base da alimentação, isto é, a maior parte dela, deve ser composta por alimentos in natura e minimamente processados;
- óleos, gorduras, sais e açúcares devem ser utilizados em pequenas quantidades ao preparar e temperar alimentos para serem consumidos;
- o uso de alimentos processados deve ser limitado. O ideal é consumi-los o mínimo possível, em pequenas quantidades, preferindo utilizá-los como componentes de preparações culinárias ou como parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados, e não como base da refeição;
- os alimentos ultraprocessados devem ser evitados, sendo consumidos apenas eventualmente ou em situações em que não seja possível se alimentar de outra maneira.
Vale ressaltar que as recomendações de alimentação devem sempre estar em sintonia com o seu tempo, ou seja, levar em consideração o cenário da evolução da alimentação e das condições de saúde da população.
Conclusão
Agora que você já sabe o que são alimentos processados, qual a diferença entre alimentos ultraprocessados e alimentos in natura, comente abaixo sua opinião sobre o assunto. Lembrando que esse tema é importante para as pessoas de modo geral, mas, especialmente, para quem trabalha na área. Portanto, se você trabalha ou pretende trabalhar na indústria de alimentos, não deixe de conferir nossos cursos de capacitação da área! Afinal, ficar por dentro desse e dos demais assuntos pertinentes é essencial para se destacar no setor! Clique aqui e saiba mais!
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