Enquanto o mundo enfrentava a pandemia, o Brasil além de sofrer com os impactos do coronavírus, iniciava a investigação de um outro problema, a doença de Haff, também conhecida como doença da urina preta. No dia 14 de setembro de 2021, devido ao aumento de casos da doença, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) emitiu uma nota sobre o assunto.
A nota informou que os casos estavam em acompanhamento pelo Ministério da Saúde em cooperação com os Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA/RS) e Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), mas que ainda era difícil determinar quais os principais animais e biomas de maior ocorrência, visto que eles foram variados. Embasados em análises preliminares, as toxinas suspeitas pertencentes aos grupos das palytoxinas e ovatoxinas, moléculas que são produzidas por microalgas e estão presente na maioria dos animais marinhos. Além dos casos com peixes de água salgada, há no Brasil relatos de casos envolvendo o consumo de espécies de água doce.
Se você é concurseiro ou trabalha nas áreas da indústria de alimentos ou da saúde, é essencial que você sempre se mantenha atualizado sobre os assuntos mais quentes do momento. Você já sabe exatamente o que é a Doença de Haff, sintomas e qual o tratamento? Continue a leitura e descubra as respostas para estas e muitas outras perguntas!
O que é a doença de Haff?
Acredita-se que a doença de Haff, caracterizada por um quadro de rabdomiólise, pode ser provocada pela ação de toxina presente em peixes e lagostins, sejam eles de água doce ou salgada. Geralmente o quadro inicia cerca de 24 horas após a ingestão de pescados e os principais sintomas são dor e rigidez muscular, dormência, falta de ar, urina preta e aumento da enzima creatina fosfoquinase (CPK).
Leia a Nota completa do MAPA sobre a Doença de Haff!
Causa da doença de Haff
Ao analisar o surto no Brasil, não foram encontrados resultados de febre, sintomas gastrointestinais e infecção laboratorial, o que levou pesquisadores a acreditar que a causa da síndrome de Haff pode ser uma toxina. Além disso, o efeito ocorre em tão pouco tempo após a ingestão, que a proliferação de microrganismos não se encaixaria bem nos casos relatados até então.
Existe a hipótese de que se trata de uma toxina estável à temperatura, pois há relatos de casos relacionados com o consumo de peixes cru e cozido. No entanto, de acordo com a nota emitida pelo MAPA em setembro de 2021, são apenas suposições, uma vez que a causa correta ainda não foi comprovada.
Como acontece o contágio da doença de Haff?
O contágio acontece pela ingestão de pescados, sejam eles de água marinha ou doce. Não se sabe ao certo quais são os principais peixes sujeitos à presença desta toxina. No entanto, a orientação das autoridades sanitárias é comprar pescados de locais confiáveis e que possuam o selo de inspeção dos órgãos oficiais.
O primeiro caso em território brasileiro foi registrado em 2008 e, na época, foi relacionado ao pacu. No entanto, não existem evidências que comprovem essa relação.
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Doença de Haff: sintomas
A síndrome de Haff ou doença da urina preta, caracterizada por um quadro de rabdomiólise, é uma doença em que as manifestações clínicas incluem início súbito de dor muscular, dormência corporal e rigidez muscular. A principal característica é a destruição das células musculares, que é tecnicamente chamada de rabdomiólise. Essa quebra das células musculares resulta na liberação de miosina e outras enzimas musculares, resultando em mioglobinúria, uma urina de cor escura que pode causar insuficiência renal e parada cardíaca.
Portanto, é necessário ficar atento à Doença de Haff caso o indivíduo tenha:
- Ingerido pescados nas últimas 48 horas;
- Apresente dor e rigidez muscular;
- Tenha dormência nos membros;
- Relate falta de ar;
- E, claro, esteja com a urina escurecida.
Tratamento e prevenção
Segundo o Ministério da Saúde, a hidratação é essencial nos primeiros momentos após o aparecimento dos sintomas para reduzir a concentração de toxinas no sangue e facilitar sua eliminação do organismo pela urina.
No entanto, se a doença progredir, é necessário fazer hemodiálise, apesar disso ser um fato incomum, já que a maioria das pessoas respondem bem ao tratamento doméstico. Porém, o risco de morte existe e deve se atentar à isso, principalmente para indivíduos que possuem um quadro de algum tipo de comorbidade. É fundamental procurar ajuda e obter um diagnóstico o mais rápido possível após os primeiros sintomas, pois, como vimos, as toxinas agem rapidamente.
Como é uma doença ainda pouco estudada e compreendida, não existem medidas específicas para prevenir a doença. Além disso, o fato de que não existe como identificar a toxina porque ela não tem cheiro, sabor ou cor, e não desaparece quando o peixe é cozido, é um elemento complicador da prevenção. Não é uma doença infecciosa de pessoa para pessoa, sendo apenas através da ingestão de peixes contaminados.
As principais instruções de prevenção são:
- comprar o pescado onde se conhece a sua origem e o processo de expedição e armazenamento;
- conferir se o produto contém o selo de fiscalização das autoridades.
Aqui, o melhor cenário seria que todos os peixes fossem rastreáveis, pois seria possível saber onde e como cada peixe foi produzido e os locais percorridos para chegar à mesa do consumidor.
Identificar geograficamente a origem do pescado, tomar as medidas necessárias para controlá-lo, e indicar restrições sem prejudicar outros comerciantes seria a prevenção ideal, que ainda não foi alcançada, para esta doença.
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Doença de Haff em concursos
A Doença de Haff é um tema que já esteve presente em algumas provas de concursos. No entanto, como ainda é uma doença pouco conhecida, não são cobrados muitos aspectos técnicos a respeito, apenas noções básicas que atestem que o candidato conhece essa patologia e sabe suas características principais. Vamos ver agora um exemplo?
IPEFAE – 2018 – Prefeitura de Andradas – MG – Médico Clinico Geral
Analise o trecho e assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna:
A doença de Haff é caracterizada por mialgia intensa de início abrupto, menos de 24 horas após a ingestão de _____, associada a níveis elevados da enzima creatinofosfoquinase (CPK).
- Alimentos cítricos.
- Cafeína.
- Peixe.
- Leite de vaca.
Gabarito: Letra C
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