Nos últimos anos têm sido frequente ouvirmos sobre a famosa “crise” que atinge diversos segmentos no país. Mas e na área de alimentos? Esse cenário também é uma realidade? Como anda o crescimento da indústria alimentícia nos quesitos empregabilidade e impacto na economia nos últimos anos?

Confira agora os dados atualizados e quais são as perspectivas para 2020 desse segmento no Brasil.

A Indústria de Alimentos nos Últimos Anos

O setor de alimentos é um dos que mais impacta na geração de saldo positivo na balança comercial brasileira. Vamos conferir seu crescimento nos três últimos anos.

2017

O crescimento da indústria alimentícia foi retomado em 2017 após dois anos consecutivos de retração.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos (ABIA), em 2017 o crescimento nominal da indústria de alimentação foi de 4,6%, com um ganho real no faturamento de 1,01%, atingindo a cifra de R$ 642 bilhões. Isso significa uma correlação desse faturamento com o PIB do país da ordem de 9,8%.

2018

Neste ano o setor de alimentos registrou um crescimento de 2,08% em faturamento, atingindo R$ 656 bilhões, o que representa 9,6% do PIB.

O total de investimentos em ativos, fusões e aquisições alcançou R$ 21,4 bilhões, registrando um aumento de 13,4%, contra R$ 18,9 bilhões registrados em 2017.

2019

De acordo com a ABIA, a previsão para as indústrias alimentícias em 2019 consistia num aumento de 2,5% a 3% da produção física (volume) e de 3% a 4% das vendas reais. As exportações também deveriam crescer até 15%.

No início de 2020, a ABIA divulgou o Relatório Anual 2019 contendo os dados de desenvolvimento do setor, em que as indústrias de alimentos:

  • obtiveram um faturamento de R$ 699,9 bilhões, 6,7% maior que o do ano de 2018;
  • registraram uma alta de 2,3% em vendas reais, a melhor taxa de crescimento desde 2013;
  • mantiveram o Brasil como o 2º maior exportador de alimentos industrializados do mundo, mesmo com uma queda de 2,3% nas exportações.

Ao longo dos anos, o setor de alimentos foi se direcionando para as exportações de produtos com mais valor agregado, diferentemente de tempos atrás, em que o foco estava em produtos in natura do agronegócio.

Exportação de Alimentos Processados

Como dito anteriormente, no ano de 2019 o Brasil se consolidou novamente como o segundo maior país exportador de alimentos industrializados, permanecendo no ranking apenas atrás dos Estados Unidos.

O setor exportou para mais de 180 países, o que representou 19,2% do volume total de vendas. Sobre os principais mercados importadores, a Ásia está em primeiro lugar, seguida da União Europeia e do Oriente Médio.

Para termos ideia da expressividade da produção brasileira e quais alimentos envolvidos, você pode observar a figura abaixo com dados de 2019:

Crescimento da Indústria de Alimentos - principais alimentos exportados
Fonte: ABIA, 2020.

O destino da produção dos alimentos industrializados é muito variado:

  • 178 países compraram carnes e seus derivados em 2018 – mesmo com todos os problemas que esse destacado setor enfrentou – o que mostra como esse segmento é importante e consolidado;
  • 162 países importaram açúcares e derivados;
  • 127 compraram conservas de vegetais e frutas, além de sucos;
  • e 122 países adquiriram óleos e gorduras (fonte: siamig.com.br).

Essa industrialização tem grande importância para a agropecuária nacional porque consome cerca de 58% do valor de tudo que é produzido no campo. Portanto, as expectativas de crescimento da indústria de alimentos repercutem no incremento do agronegócio brasileiro.

A Empregabilidade na Indústria Alimentícia

O Brasil apresenta um contingente de 36,1 mil empresas do segmento de alimentos, sendo o setor que mais emprega dentro da indústria brasileira de transformação. Com isso, qualquer crescimento nesta área reflete significativamente na geração e na qualidade de empregos.

Em 2018, foram gerados 13 mil novos postos de trabalho e a expectativa positiva para o ano passado foi concretizada. Segundo o Relatório Anual 2019, as indústrias alimentícias:

  • ocuparam o cargo de maior geradora de empregos;
  • criaram 16 mil novos postos de trabalho;
  • geraram cerca de 1,6 milhão de empregos diretos e formais;
  • responderam por 23,1% dos empregos da indústria de transformação brasileira.

Realmente um dos pontos essenciais da indústria alimentícia é gerar empregos! 

Alvos dos Investimentos das Indústrias de Alimentos

Segundo João Dornellas, presidente executivo da ABIA, a tecnologia e a inovação na indústria são essenciais para a competitividade e, por esse motivo, os departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) são alvos de investimentos por diversas empresas. Estas, por sua vez, tem com objetivo oferecer alimentos seguros, com alto teor nutricional sem abrir mão do sabor, atendendo a uma demanda cada vez mais exigente do consumidor. 

Portanto, nesse cenário promissor e crescente para os próximos anos, há também grandes desafios para as indústrias, e a inovação é um deles.

Há estudos recentes que revelam: a falta de profissionais qualificados na indústria de alimentos é um obstáculo para a inovação.

O investimento em P&D engloba também o recrutamento e seleção de profissionais para atender à dinâmica do mercado de alimentos. Esse é mais um motivo para você buscar capacitação constante e de qualidade.

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Outro setor que demanda grande investimento na indústria alimentícia é o de controle de qualidade.

Esse departamento tem o objetivo de seguir as legislações sanitárias vigentes e oferecer, ao exigente consumidor, produtos com identidade e qualidade preestabelecidos.

É um setor que emprega muitos engenheiros, veterinários, tecnólogos em alimentos e demais profissionais da área e, por ser muito concorrido, mais uma vez torna-se fundamental que o profissional tenha sólidos conhecimentos sobre as normas que regem a produção de alimentos. 

A Indústria Alimentícia em 2020

Tendo como base os resultados registrados nos últimos anos, as expectativas para o desenvolvimento desse setor em 2020 eram completamente otimistas:

  • crescimento entre 2,5% até 3,5% das vendas reais;
  • aumento na geração de empregos superior a 1,5%.

No entanto, o surgimento da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) se apresentou como o maior desafio a ser superado pelas indústrias. Algumas das principais preocupações geradas foram em torno do abastecimento e do comportamento do consumidor.

Confira agora os efeitos gerados por esses fatores:

Abastecimento da Indústria Alimentícia

Com o objetivo de reduzir ao máximo o contágio da população brasileira e minimizar os impactos do coronavírus, diversas restrições foram impostas por parte do governo.

Mesmo assim, o fato das indústrias alimentícias pertencerem ao ramo de atividades essenciais certamente conferiu uma vantagem à atuação produtiva do setor, que não sofreu grandes impactos negativos como outros.

Assim que a Organização Mundial da Saúde declarou o estado de pandemia, foi expressiva a preocupação do segmento e do governo em relação ao desabastecimento de alimentos para a população.

Assim, para minimizar os impactos e agilizar tanto a identificação de possíveis problemas quanto o encaminhamento de soluções, no mês de março a própria ABIA decidiu montar um comitê de crise em conjunto com outras associações. Desde então passou a monitorar diariamente essa questão.

Segundo o presidente da ABIA, o risco de desabastecimento já foi vencido e não há nenhuma perspectiva a curto prazo para o aparecimento desse problema.

Comportamento do Consumidor

Um dos principais fatores que rege o comportamento do consumidor no mercado de alimentos é a sua renda mensal. Infelizmente, várias das restrições anunciadas pelos governantes impactaram diretamente o bolso das pessoas. Salários foram reduzidos e milhares de brasileiros que trabalhavam nos serviços considerados não essenciais ficaram desempregados.

Com menos recursos e todo o estresse emocional gerado pela pandemia, o poder de compra do consumidor ficou restrito e ele passou a priorizar alimentos que:

  • possuíam preço mais acessível;
  • tinham maior tempo de validade;
  • apresentavam ingredientes com o apelo de fortalecimento imunológico.

Esse novo cenário no país certamente prejudica alguns segmentos da indústria alimentícia, levando-os à redução das vendas. Mesmo assim, essa crise pode servir de oportunidade para as empresas focarem na inovação e reinvenção de seus produtos, além de fortalecerem sua conexão com o público-alvo.

Em março, a Nielsen publicou uma pesquisa listando seis etapas essenciais que impactam no comportamento do consumidor brasileiro e as mudanças de hábito decorrentes delas. Confira na imagem abaixo:

Crescimento da Indústria de Alimentos - comportamento do consumidor na Covid-19
Fonte: Nielsen, 2020.

Profissionais Qualificados na Indústria Alimentícia

Nesse cenário, já podemos visualizar que o ritmo de crescimento do mercado faz com que as indústrias necessitem cada vez mais de profissionais qualificados.

Vale frisar que as instituições de ensino desempenham grande importância para o aprimoramento constante desses profissionais.

Atualmente, a disponibilidade de cursos na área de alimentos é imensa, gerando dúvidas e desconfianças quanto à idoneidade, qualidade e posterior reconhecimento no mercado de trabalho.

O primeiro passo é saber se o curso em questão é reconhecido pelo MEC. Ainda, se apresenta uma grade de conteúdo diferenciada e atualizada e que adicione conhecimentos teóricos baseados na prática da indústria de alimentos, direcionados para sua área de trabalho.

No blog do Ifope é possível esclarecer alguns pontos importantes sobre o aprimoramento profissional, explicando sobre as melhores estratégias de especialização – já que são dúvidas recorrentes dos profissionais da área.

O Ifope disponibiliza cursos de capacitação e pós-graduação a distância voltados para profissionais de diversas áreas de formação que atuam na indústria alimentícia.

O planejamento da carreira profissional é responsabilidade, única e exclusivamente, de cada um de nós. Muitos acreditam que é exclusivamente da empresa em que se trabalha. Sim, ela tem um importante papel no desenvolvimento, mas o interesse em aperfeiçoar, progredir e se especializar deve partir do profissional.

Portanto, seja o autor de sua carreira e invista em seu futuro profissional!

Pós POA
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Autoria das redatoras do Ifope:
Tereza Abujamra  e Amanda Texeira